Em novembro, no dia 20, é celebrado o Dia da Consciência Negra. A Braziliando inicia hoje uma programação especial e uma nova vivência imersiva e responsável, para trazer essa pauta tão importante, buscando trazer reflexões para promover transformações sociais positivas.
Por que um dia da consciência negra?
O Dia da Consciência Negra representa uma luta centenária, que não pode (e nem pretende) ser resumida em um dia ou até mesmo neste texto. E, apesar da pessoa que aqui escreve não ser negra, estamos ocupando esse espaço como forma de assumirmos nossa responsabilidade. A Braziliando se une a luta contra o racismo e na construção de um mundo mais justo e igualitário.
São esses também os objetivos por trás da instituição dessa data, resultado da luta do movimento negro para mudar o então feriado do dia 13/05, quando foi aprovada a Lei Áurea, documento que não garantiu reparações a população negra.
No dia 20, também é celebrado o Dia Nacional de Zumbi, uma homenagem ao líder do maior quilombo do continente americano, Zumbi dos Palmares. Assassinado em 1695, Zumbi é símbolo de resistência e luta contra a escravidão, além de todo seu esforço pela liberdade cultural e religiosa da população africana. A data reconhece o seu legado e serve de motivação para que a desigualdade racial e a descriminação tenham um fim.
Contudo, não basta apenas reconhecer o racismo estrutural, é preciso não se isentar. Se tornar uma pessoa aliada na luta antirracista não significa estar livre do racismo, mas estar disposta a desafiar o racismo nas outras pessoas e em si mesma. Essa é uma das reflexões que buscamos despertar em uma vivência imersiva em um quilombo histórico.
Quilombo: história de luta
O Quilombo dos Palmares foi apenas um dos inúmeros que existiram no nosso país. Os quilombos são lugares de resistência. Eles foram (e são) uma das diversas formas de manter viva a cultura, a história e a identidade da população negra.
É comum imaginar os quilombos como lugares de luta e refúgio de pessoas negras escravizadas, mas, hoje, são territórios de moradia, de produção, de lazer, de conhecimento e de permanência. Eles abrigam vivências e práticas compartilhadas que ajudam a preservar e a afirmar esse modo de vida.
Atualmente, são cerca de 6 mil quilombos no nosso país, nas áreas rurais e urbanas. Os estados com as maiores populações são Bahia, Maranhão e Minas Gerais que, juntos, concentram mais da metade de todos os quilombolas do país.
Dessa forma, a resistência e importância dos quilombos são mais atuais do que nunca!
Comunidades quilombolas
De acordo com o último censo, a população quilombola já ultrapassa 1,3 milhão de pessoas. Quase 13% desse total vive nos 494 territórios quilombolas oficialmente delimitados, enquanto a grande maioria vive fora dessas áreas formalmente reconhecidas.
Os povos quilombolas são um dos principais aliados na defesa de um futuro mais sustentável. Ajudando a proteger a Amazônia e até a biodiversidade da América Latina, as comunidades quilombolas possuem uma forma particular de enxergar e de se relacionar com a natureza. Portanto, conseguem garantir sua sobrevivência sem prejudicar o meio ambiente para as gerações futuras.
Vivência quilombola
Nada melhor do que uma imersão quilombola para fazermos essas reflexões, enquanto aproveitamos a natureza para nos conectar com nossa ancestralidade e com a gente.
De 18 a 20/11, nossa equipe vai embarcar em uma vivência quilombola em um lugar com mais de 200 anos de história e resistência. E sabe qual é a boa notícia?! Decidimos abrir essa experiência para quem mais quiser participar com a gente! O quilombo está localizado na costa norte de São Paulo (a menos de 300km da cidade de SP e do RJ), em uma das mais preservadas áreas de Mata Atlântica de lá.
Entre as diversas atividades do roteiro, vamos:
- participar de rodas de conversa para conhecer a história da comunidade,
- preparar pratos típicos com a ajuda de uma habilidosa cozinheira,
- ouvir como surgiu a boneca Abayomi – símbolo de resistência, amor e proteção que guardava as crianças durante a travessia nos navios que aprisionavam e comercializam a população negra,
- e dançar o jongo – uma celebração da memória negra, que conecta passado e presente, musicalidade e resistência.
A comunidade local é a protagonista da vivência e, além de conduzir cada atividade, compartilhando toda sabedoria do povo quilombola, recebe a maior parte do valor. Você ainda vai contribuir com a geração de renda na comunidade, o fortalecimento do turismo comunitário e a valorização da cultura tradicional.
Conscientização
É importante reconhecer que a população branca sempre foi privilegiada e se beneficiou do racismo e discutir o assunto de maneira aberta e honesta. O racismo não precisa ser consciente ou intencional para ser válido e pode ser praticado por qualquer pessoa, até mesmo as engajadas na luta antirracista.
Como diz Robin DiAngelo, “consciência sem ação não tem significado”. Por isso, ela acredita que entre os passos para combatermos o racismo estão assumir sua responsabilidade, reconhecer seus privilégios e buscar referências de pessoas negras. A esse último ponto vale procurar pessoas negras na literatura, na arte, no audiovisual, no empreendedorismo e nas viagens.
A educação é uma importante aliada. Aprender e crescer com os erros e se abrir para correr riscos são passos importantes. Nunca entenderemos o que precisamos entender sobre o racismo se não escutarmos as pessoas negras, mas essa também é a responsabilidade das pessoas brancas.
Por fim, lutar pela mudança que queremos ver no mundo significa abrir os olhos para a desigualdade racial e buscar caminhos para uma sociedade mais igualitária.