Retrospectiva Braziliando 2023

Mais um ciclo que se encerra e viemos celebrar as conquistas, os aprendizados e as pessoas que fizeram parte desse ano especial. Em 2023, recebemos um prêmio inédito, participamos de programas inspiradores, espalhamos nossas sementes em um novo destino e promovemos encontros marcantes. Vem conferir tudo o que rolou na Retrospectiva Braziliando!

O ano começou com uma grande surpresa: fomos premiadas com o United Earth Amazonia Award, o Nobel Verde. Além da emoção e felicidade em recebermos essa conquista, a noite da premiação também foi uma oportunidade de reafirmarmos nosso compromisso com a sustentabilidade e de celebrarmos com pessoas da comunidade e outros parceiros que ajudaram a construir a nossa história.

Fizemos conexões com pessoas, negócios e empresas que nos ajudaram a fortalecer nossa essência e contribuíram com nossa trajetória. A Braziliando foi um dos negócios mentorados no Programa Inovação Social para a Amazônia, realizado pelo Portal do Impacto e a Phomenta. Nossa sócia-fundadora, Ana Taranto, se inscreveu para o programa e passou por uma capacitação online. Das quase 300 pessoas que se inscreveram, apenas 10 com melhor engajamento e participação foram selecionadas para receber mentorias individuais. Foi uma experiência enriquecedora, que nos permitiu ter novos olhares e ampliar nossa rede de contatos.

Também fomos aprovadas para a primeira fase do programa de aceleração 100+ Labs Brasil, uma iniciativa da Ambev em parceria com a Parceiros pela Amazônia e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e executada pelo Quintessa, que une inovação e sustentabilidade. E agora, no final do ano, também fomos aprovadas na Aceleração EmbraturLAB #2! O programa de inovação é realizado pelo Turistech Hub, o hub líder em inovação no turismo brasileiro, e pela EmbraturLAB, o braço de inovação da Embratur.

Nossa sócia, Tereza Taranto, também se conectou com importantes instituições que atuam na região amazônica. Em uma visita de campo muito especial, Tê se reuniu com nossos parceiros indígenas para traçar o planejamento da vivência Amazônia Baré e conheceu novas comunidades e histórias.

Tivemos alguns encontros especiais neste ano! 🙌 Em abril, nos reunimos na “cidade maravilhosa” pra percorrer a trilha indígena do Jardim Botânico. Por lá vimos várias espécies de plantas presentes no cotidiano dos povos originários, como Samaúma, Manacá e Vitória-Régia, e ainda curtimos um momento de confraternização. Em 2023, também teve o Braziliando Cozinha! Juntamos virtualmente o nosso time pra fazer uma moqueca de banana e um delicioso pavê de frutas. Qual será nossa próxima aventura gastronômica?

E as campanhas de 2023?! Quem nos acompanha no Instagram viu nossa missão de retirar o plástico de uso único da nossa rotina na Semana Sem Plástico, pra mostrar que #NossoPlanetaNãoÉDescartável. Também falamos sobre diversidade e inclusão na Semana do Orgulho, com direito a roda de conversa virtual e muita reflexão!

Outra ação importante foi a Conexão Baré Seca Amazônica, que alertou sobre a forte estiagem no Amazonas e arrecadou doações para nossos parceiros indígenas Baré. Por causa da seca, a vivência Amazônia Baré precisou ser suspensa.

Neste ano, também conseguimos realizar um desejo antigo de atuar em outras regiões e com novas comunidades. Atravessando o Brasil, rumo a Mata Atlântica, realizamos o nosso encontro de equipe no feriado da Consciência Negra em um quilombo. Apesar de conhecermos a região há bastante tempo, foi em 2022 que a Ana conheceu a comunidade e desde então começamos a desenhar essa parceria.

Junto com uma historiadora antirracista, Odara Philomena, vivemos uma imersão em um quilombo com mais de 200 anos de história e resistência. Além da comunidade ter conduzido atividades culturais e na natureza para a gente imergir no seu modo de vida, Odara trouxe questionamentos que contribuíram para a valorização da cultura negra e a quebra de preconceitos.

A Vivência no Quilombo é uma experiência transformadora e já tem data para acontecer em 2024 – de 30/05 a 02/06. Nessa imersão, você escuta as histórias da comunidade, prova as delícias da região, mergulha no rio e caminha em meio a Mata Atlântica, participa de oficinas e até de uma roda de jongo! Preencha a ficha de interesse para receber mais informações!

E você também pode embarcar – em qualquer época do ano e sem a necessidade de fechar um grupo – na vivência Amazônia Baré. Nessa jornada pela floresta e a cultura indígena, você se hospeda em uma pousada familiar, vivencia atividades do dia a dia local (como navegar de canoa ou caminhar pela mata), ouve as histórias e entra em contato com a sabedoria ancestral dos Baré.

Nossa gratidão a todas as pessoas que fizeram parte desses momentos e que fazem parte da nossa história. Neste ano, a Braziliando completou 7 anos de existência e nossa trajetória não seria a mesma sem as parcerias que construímos nesse caminho.

Nosso desejo para o próximo ano? Continuar promovendo a mudança que queremos ver no mundo! Bora com a gente nessa missão?

Seca na Amazônia: consequências da estiagem e como apoiar os povos da floresta

A Amazônia vive um período histórico: uma seca severa vem diminuindo drasticamente o volume dos rios e afetando diversas vidas. Desta forma, comunidades ribeirinhas estão isoladas e até sem abastecimento, animais e as plantas da floresta vem sofrendo com a falta de água e moradores perderam suas fontes de renda.

Inclusive, na aldeia indígena parceira, o turismo foi uma das atividades suspensas por tempo indeterminado. Contudo, para continuar apoiando a comunidade, vamos realizar uma edição inédita da Conexão Baré – vivência online da Braziliando com o povo Baré da Amazônia.

Seca: uma realidade conhecida na Amazônia

A seca na Amazônia não é nenhuma novidade para a população. Todos os anos, entre julho e novembro, acontece o verão amazônico, um período onde há uma diminuição das chuvas e um aumento das temperaturas. Portanto, além de demandar que os moradores locais se adaptem às mudanças no cenário da floresta, a seca também exige um estado maior de atenção para alguns problemas, como as queimadas.

Para quem viaja pra Amazônia, o verão amazônico não costuma ser um impeditivo para experienciar a floresta. Inclusive, é no período de seca que as praias de água doce aparecem e viajantes podem aproveitar os dias ensolarados e com pouca chuva para se refrescarem nos rios. Para moradores, a seca também contribui para a fartura na mesa, com o aumento da oferta de peixes, por exemplo.

Seca histórica na Amazônia

Contudo, neste ano, esse cenário se intensificou drasticamente. A estiagem foi muito mais severa e, nas últimas semanas, os níveis dos rios vêm diminuindo cada vez mais e as temperaturas estão batendo recordes. O aquecimento global pode ser uma das principais causas somado com o fenômeno El Niño, o que você pode entender melhor neste artigo da WWF.

As consequências foram rios atingindo novos patamares de seca – o Rio Amazonas chegou a 90cm em alguns pontos – e alterando a rotina de diversas comunidades, deixando milhares de famílias vulneráveis. A fauna amazônica também vem sofrendo com a situação e mais de 150 botos já morreram em um período muito curto.

De uma forma geral, os amazônidas têm outro tipo de relação com o rio. Nos centros urbanos do sul e sudeste, por exemplo, é comum não vê-los pela cidade. Canalizados ou poluídos, os rios não fazem parte do cotidiano dos moradores. Mas na Amazônia isso é diferente, como bem lembra o poeta Thiago de Mello.

“A lei do rio não cessa nunca de impor-se sobre a vida dos homens. É o império da água. Água que corre, água que leva e lava, água que se despenca em cachoeira, água que roda no rebojo, água que vai e volta em repiquete, água parada no silêncio do igapó. Água funda, água rasa onde os barcos encalham. Água negra do Andirá e do Negro. Água barrenta do Solimões, do Madeira, do Purus. As águas claras e verdes do Tapajós, do Xingu. É o Amazonas e o seu ciclo das águas. [..] O regime das águas é um elemento constante no cál­culo da vida do homem.” Amazônia – Pátria das águas, de Thiago de Mello.

A vida na aldeia durante a seca

Na aldeia dos nossos parceiros Baré, a estiagem alterou a rotina dos comunitários. Na escola indígena, as aulas presenciais foram suspensas e substituídas por aulas online, por causa da dificuldade na travessia de professores da capital manauara e da oferta da merenda para estudantes.

A venda do artesanato também foi afetada pela vazante. Está faltando matéria-prima para produção de algumas biojoias e está bem mais difícil ir até Manaus vender as peças, o que também tem impactado a renda dos artesãos.

A travessia de barco ficou mais longa e cansativa. Percursos foram alterados e os recreios precisam procurar os canais com maiores volumes de água, gastando mais combustível. Por isso, a passagem ficou mais cara.

O turismo na aldeia também sofreu os impactos da seca. Seguindo a recomendação da comunidade, a Braziliando suspendeu as vivências presenciais. O povo Baré, assim como outros ribeirinhos, está evitando a ida pra cidade e tem buscado formas de lidar com os desafios desse período.

Conexão Baré – Seca Amazônica

Para continuar apoiando nossos parceiros, no dia 11/11 vamos realizar uma edição inédita da vivência online Conexão Baré. Pra quem ainda não conhece essa experiência pioneira e vencedora de prêmios do turismo responsável, através de uma videochamadas nos conectamos com indígenas da etnia Baré para viver uma imersão em sua cultura e vivenciar atividades que fazem parte do seu cotidiano, como o artesanato, a culinária, o projeto de conservação das tartarugas amazônicas e o grafismo.

A Conexão Baré Seca Amazônica além de permitir esse mergulho no modo de vida originário, também será uma forma de ouvirmos – dos povos locais – os desafios trazidos pela seca. Com a vivência, seguimos com nossa missão de apoiar a comunidade, gerando renda e valorizando a cultura tradicional. Portanto, a Conexão Baré pode ser um caminho para um novo olhar para os povos indígenas e pode ser uma corrente(za) de transformações positivas. Aqui você descobre o impacto da vivência online.

Vem com a gente! As inscrições vão até o dia 07/11 e você ainda pode contribuir doando qualquer valor!

O que as indígenas Baré nos ensinam sobre a Amazônia

No dia 05 de setembro comemoramos duas datas muito importantes: o Dia da Amazônia e o Dia Internacional das Mulheres Indígenas. Muito se fala da reciprocidade, do respeito e afeto entre as protetoras e a floresta, mas as mulheres indígenas também são exemplos de criatividade, ancestralidade, ciência, poesia e solidariedade. Pra homenagear as mulheres indígenas do mundo, decidimos falar sobre nossas parceiras do povo Baré, que contam um pouco sobre a Amazônia através de suas vivências.

Amazônia: substantivo feminino

A maior floresta tropical do mundo abriga uma diversidade tão significativa quanto sua dimensão. Ocupando 60% do território brasileiro, a floresta é tão cheia de vida que uma nova espécie é encontrada quase todo dia. Cerca de 10% das espécies de plantas e animais conhecidos no mundo estão na Amazônia, fora a grande quantidade de espécies que ainda nem foram catalogadas.

As mulheres são maioria em toda a Amazônia Legal. Responsáveis pelo trabalho de cuidado – da família, do território, da biodiversidade e dos saberes tradicionais – elas apoiam na conservação da floresta, através da preservação das sementes e da grande variedade de espécies alimentícias e medicinais cultivadas.

Na aldeia onde vive o povo Baré, as mulheres são protagonistas de vários projetos que acontecem na comunidade. Na coordenação do turismo e das vivências da Braziliando, nos projetos de conservação da biodiversidade, liderando atividades e protegendo saberes ancestrais. Vem com a gente conhecer algumas delas!

Mulheres Indígenas Baré

Dona Ugulina

A anciã da comunidade é uma mulher forte, sábia e sorridente. Parteira da aldeia, carrega os ensinamentos da mãe e de tantas outras mulheres indígenas que a antecederam para realizar esse lindo ofício. Mãe de 10 filhos, avó e bisavó, ela viveu a experiência de três partos sozinha na aldeia. Mulher de coragem, que aos 70 anos esbanja disposição para ensinar e aprender, participando de duas das vivências online da Braziliando: a Conexão Baré e a Conexão Baré (Re)Nascimento.

Aos 19 anos, a Kunhã suri (mulher alegre em Nheengatu), viu a mãe realizar o parto do neto e já sentiu que conseguiria seguir seus passos. Depois fez 5 cursos fora da aldeia para aperfeiçoar a arte do partejar e ajudar as mulheres da região. Difícil mesmo é contar o número de partos que ela já fez em todos esses anos! Dona Ugulina confessa que já perdeu a conta.

Na última vivência online, a anciã recebeu uma pergunta sobre como orientar uma parturiente que tem medo do momento da chegada do bebê. Ela disse “a gente tem que ser mulher”, uma resposta simples para quem entende há muito tempo que resiliência e força, além de substantivos femininos, são qualidades das mulheres.

Rosy

Filha da Dona Ugulina e mãe de 6 filhos, Rosimeire é uma das coordenadoras do turismo na comunidade. Rosy é sinônimo de determinação e dedicação. Abraçando diversos projetos e com muita vontade de aprender, ela também é agente ambiental e coordena de forma voluntária o projeto de monitoramento de quelônios na comunidade.

Voltado para a conservação das tartarugas amazônicas, esse trabalho exige um cuidado especial durante alguns meses do ano, como coletar os ovos, observar os filhotes e depois soltá-los novamente na natureza. A Rosy representa a calma da floresta, ela sabe da importância de esperar (e respeitar) o tempo da natureza, de observar cada detalhe com atenção, pois a Amazônia é surpreendente!

Rosy também contribui para a união da ciência com os saberes tradicionais, ambos como conhecimentos fundamentais para a sustentabilidade e para a vida na floresta. Você descobre mais sobre o seu trabalho, o projeto de conservação e as tartarugas amazônicas na vivência online Conexão Baré Quelônios.

Gessiane (Paty)

Paty é hospitalidade. A anfitriã da vivência Amazônia Baré recebe em sua casa/pousada familiar viajantes de vários lugares do mundo e de culturas diferentes. Ela é, talvez, a dose mais presente da cultura Baré na vida de quem embarca nessa experiência amazônica.

Como a floresta, ela abriga e acolhe. Faz de seu lar, o lar de outras pessoas, mesmo que apenas por alguns dias. Como o rio, sua morada é leito para pessoas que buscam mergulhar em um novo mundo. A mãe da Helloyze acaba arrumando várias “crias temporárias” quando recebe viajantes e compartilha um pouco de todo esse afeto com essas pessoas.

Também faz parte da coordenação do turismo na comunidade, administra a pousada familiar e está prestes a iniciar um novo ciclo: a universidade.

Juliana

A Ju, que já foi anfitriã da Amazônia Baré, hoje é uma das responsáveis pela alimentação de quem embarca na vivência. Traduzindo a biodiversidade amazônica na mesa, Ju alimenta corpo e alma de viajantes. Os ingredientes amazônicos são ricos em nutrientes e em histórias, carregam tradições e modos particulares de preparo que vão além do prato.

Na vivência, ela também realiza a oficina de artesanato, ensinando a arte de confecção das biojóias. As peças, que por si só já trazem as cores e formas da floresta, juntas contam novas histórias e levam a Amazônia para outras cidades e até países.

Ju transforma o que a floresta tem de melhor pra oferecer em pratos e peças maravilhosos. É a materialização de toda a beleza que a floresta guarda em saberes, sabores e arte.

Para todas as mulheres indígenas, dentro e fora da floresta

Por aqui o sentimento é de gratidão a todas as nossas parceiras indígenas do povo Baré, que vêm trilhando o caminho do turismo sustentável com a gente. Mas celebrar o Dia Internacional da Mulher Indígena nos convida a sair da comunidade e até a sair da Amazônia, porque elas estão espalhadas por todo Brasil e pelo mundo.

Ocupando diversos espaços, essas mulheres são referência para tantas outras jovens indígenas e são inspiração para toda sociedade. Na política, como Sonia Guajajara e Célia Xakriabá; na moda, como Dayana Molina e We’e’ena Tikuna; na literatura, como Eliane Potiguara e Márcia Kambeba; nas artes, como Arissana Pataxó e Katú Mirim. Juntas elas promovem mudanças e trazem seus saberes ancestrais pro presente, cientes de que estão ajudando a construir um futuro melhor.

Participe de uma das vivências da Braziliando e conheça a Amazônia com as pessoas que ajudam a cuidar da floresta.

Orgulho

Semana do Orgulho – Ser livre pra amar, viajar e existir

No dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Aqui na Braziliando, a diversidade e a inclusão são alguns dos nossos pilares e acreditamos que promover encontros autênticos entre pessoas de realidades e vivências diferentes pode ser uma forma de valorizarmos as diferenças e quebrarmos estereótipos. Vem com a gente na Semana do Orgulho Braziliando!

Orgulho e Diversidade

Você não precisa saber o significado de cada letra da sigla LGBTQIAPN+ pra entender que elas falam sobre diversidade, mas conhecê-las pode trazer mais conhecimento e compreensão.

Elas representam variadas formas de expressar seus afetos, sua identidade e seu corpo.

Clique na imagem e confira seus significados no nosso post!

Essas letras, juntas, representam uma resposta ao silêncio e à violência. Colocadas, lado a lado, elas se somam ainda que o sinal de adição fique no final.

Celebrar a diversidade e inclusão significa lutar para que cada uma dessas existências seja amada e respeitada! Por isso, a Braziliando segue em mais uma campanha de conscientização e valorização de vivências que são constantemente minorizadas.

Lésbicas e gays, pessoas trans e queer, e todo o leque de identidades e sexualidades que o “mais” reforça, merecem uma vida livre de preconceitos, violências e discriminações. A comunidade LGBTQIAPN+ luta por seus direitos de amar, existir, ocupar espaços e viajar.

Viagens responsáveis e autênticas: uma via de transformação

As viagens são uma ótima forma de nos conectarmos com realidades diferentes e ampliarmos nossos referenciais culturais. Quando nos relacionamos com pessoas de outros contextos, de forma autêntica e respeitosa, podemos mudar nossa visão de mundo e rever preconceitos.

Os povos indígenas e a comunidade LGBTQIAPN+, por exemplo, carregam muitos desses prejulgamentos que são reforçados por imagens estereotipadas dessas pessoas. Quantas pessoas ignoram ou desconhecem a existência de indígenas LGBTQIAPN+? Será que viajantes LGBTQIAPN+ consideram comunidades tradicionais como opções de destino para suas viagens? Você considera a diversidade oposta à ancestralidade? Você sabia que há sinais de diversidade sexual no Brasil pré-colonial?

Ver listas de lugares para pessoas LGBTQIAPN+ evitarem viajar ou mesmo ler relatos de pessoas da comunidade que foram discriminadas durante sua viagem é algo que pode impedir muitas pessoas LGBTQIAPN+ de viajarem. Somado a outras questões, como o racismo e o machismo, viajantes podem acabar desistindo de conhecer um destino ou mesmo escondendo sua identidade ou orientação.

Os relatos de nossos viajantes LGBTQIAPN+ da vivência Amazônia Baré mostram que a floresta pode abraçar toda a diversidade que procura abrigo debaixo de suas árvores e no leito de seus rios. O povo Baré, que representa esse acolhimento amazônico, encheu os corações dos casais homossexuais Eduardo e Rodrigo e Nathalia e Amanda de alegria.

Amazônia Baré: acolhimento da floresta e seus protetores

Rodrigo e Eduardo

Rodrigo e Edu em sua vivência na Amazônia

Eduardo e Rodrigo estão juntos há 10 anos e, apesar de já terem viajado outras vezes, participar da Amazônia Baré foi a primeira imersão em uma comunidade tradicional.

Rodrigo compartilhou que o casal já tinha uma certa segurança em viver essa experiência pelo acolhimento da nossa equipe. “Desde o início a gente se sentiu acolhido. Vocês sabiam que a gente ia estar juntos e em nenhum momento isso foi tratado de forma desrespeitosa. Em nenhum momento estarmos lá dentro foi colocado como um problema”, ele compartilhou.

Lá na comunidade, esse sentimento foi reforçado pelo acolhimento da anfitriã na comunidade indígena, Paty. “Em nenhum momento a gente se sentiu constrangido com o povo Baré. Em todo momento a gente estava junto com as pessoas e as pessoas junto com a gente […]”, ele afirmou.

O médico recifense compartilhou ainda que encontrar pessoas LGBTQIAPN+ nos lugares que visitam passa uma segurança maior. Durante a visita à Reserva Mamirauá, por exemplo, o casal foi conduzido por um guia gay, o que os deixou mais tranquilos. “Encontrar os iguais nos lugares, qualquer que a gente esteja, deixa a gente mais seguro”.

Amanda e Nathália

Amanda e Nath navegando pelo rio de canoa

Pra Amanda e Nathália também foi a primeira vez realizando uma viagem de turismo de base comunitária e em uma comunidade tradicional como casal. A viagem, realizada em 2019, foi uma comemoração de 1 ano de namoro.

Apesar da data especial, as duas decidiram viver a imersão de forma discreta, como amigas. Como Nath relatou, o medo inicial era de viajarem sozinhas. “Além da questão de gênero, tem essa questão da sexualidade também.”, ela relatou.

Mesmo com essa preocupação, a fotógrafa mineira compartilhou que a experiência não teve nenhuma situação desagradável ou de preconceito. “Fomos super bem recebidas e super bem acolhidas”, ela compartilhou.

Orgulho e ancestralidade: roda de conversa com o povo Baré

Na semana passada, realizamos uma roda de conversa para conscientizar comunitárias e comunitários que estão envolvidos com o turismo buscando garantir uma recepção inclusiva e respeitosa a todas as pessoas que embarcam nas vivências através da Braziliando.

A conversa foi organizada e conduzida pelo Lucas Oliveira, da equipe Braziliando, que é um homem gay e já conhece boa parte das pessoas da comunidade. Uma de nossas preocupações era trazer esse conteúdo de uma forma leve e próxima da realidade do povo Baré, por isso, usamos alguns paralelos, como a noção de comunidade Baré e comunidade LGBTQIAPN+, o Nheengatu (idioma usado pelos Baré), a vestimenta tradicional dos indígenas, entre outros.

Ali, compartilhando o computador ou pelo celular em cada uma de suas casas, as pessoas envolvidas com as atividades da vivência Amazônia Baré puderam conhecer alguns cuidados essenciais na hora de receber viajantes LGBTQIAPN+.

A conversa trouxe algumas palavras e expressões que devem ser eliminadas e contou um pouco sobre essas diversas vivências e as necessidades particulares de cada uma delas.

Pra sentir o calor amazônico

Neste mês, em homenagem ao Dia do Orgulho e ao Dia dos Namorados, criamos uma promoção especial para casais de todas as orientações, gêneros e cores. Reservando a Amazônia Baré para você e para a pessoa amada, vocês garantem 10% de desconto no valor da vivência por viajante.

Já pensou em vocês curtindo um pôr do sol navegando de canoa pelo rio, provando os sabores amazônicos, aprendendo sobre o modo de vida indígena, apreciando a beleza da floresta? Entre em contato com a gente através do e-mail: discover@braziliando.com ou preencha o formulário de interesse na página da Amazônia Baré.

United Earth Amazonia Award, o Prêmio Nobel Verde!

A Braziliando conquista mais um importante prêmio de relevância mundial que reconhece nosso trabalho pautado na sustentabilidade. Somos um dos seis projetos vencedores do United Earth Amazonia Award! Baseado nos mesmos valores do Nobel da Paz, o prêmio alinha-se com a missão da família Nobel de unir as pessoas e nações da Terra na construção de nosso futuro coletivo e sustentável Vem conhecer o “Nobel Verde” e conferir como foi a cerimônia!

Foto com comunitários e sócia da Braziliando na entrada do Teatro Amazonas, na cerimônia da premiação.
Da esquerda para direita: Reinaldo, Gessiane, Nailza, Joarlison e Tereza (BRDO). Ao fundo, o Teatro Amazonas, em Manaus.

United Earth Amazonia: sobre o prêmio

Uma iniciativa das instituições United Earth e LCTM BrandBuilders, com o apoio institucional da prefeitura de Manaus e do governo do Estado do Amazonas, o prêmio (inédito) foi lançado em outubro de 2022, como parte das comemorações do aniversário da cidade de Manaus.

A United Earth é uma organização internacional que reconhece e promove a liderança ambiental e a excelência humanitária em todo o mundo. Presidida por Marcus Nobel, descendente de Alfred Nobel (o criador do prêmio Nobel), a United Earth concentra esforços, recursos e programas globais com o objetivo de unir as pessoas e nações da Terra para nosso futuro coletivo e sustentável.

O objetivo do United Earth Amazonia Award é promover, globalmente, o melhor da Amazônia e do Brasil nos segmentos da Arte e da Música e de iniciativas de ESG (responsabilidade ambiental, social e governança), com comprovada relevância e efetividade no suporte à sustentabilidade da floresta e de seus habitantes. Na arte e na música, os critérios de seleção são: a contribuição pública para a conscientização, poder de unificação e relevância da sustentabilidade socioambiental. Saiba mais aqui.

Foto: Site United Earth

Indicação, auditoria e seleção

Como acontece no Nobel da Paz, não há inscrição aberta para interessados. Portanto, as indicações são feitas por pessoas reconhecidamente comprometidas com a sustentabilidade da floresta e representativas dos vários setores sociais, desde órgãos públicos e academia, até líderes comunitários e influenciadores.

O comitê gestor do prêmio avaliou cada um dos projetos nomeados, em relação ao seu impacto atual e à relevância para a sustentabilidade da Amazônia, sob os aspectos ambientais, de responsabilidade social e de governança, usando os valores da United Earth de Ética e Paz.

A auditoria, realizada pela empresa Ambipar, durou cerca de um mês e foram analisados mais de 80 projetos, distribuídos por toda a Amazônia Legal. Com o objetivo de conhecer a iniciativa mais a fundo e como se dá o processo de gestão do mesmo, foram realizadas duas entrevistas com as sócias da Braziliando, em que elas compartilharam os impactos gerados e os benefícios para a sociedade e para o meio ambiente. Posteriormente, foram enviados diversos documentos comprobatórios para validação do nosso trabalho e impacto socioambiental.

Logo depois, tivemos que esperar a análise de todos os documentos e a deliberação do comitê. A resposta veio através do presidente da United Earth, Marcus Nobel, no vídeo de anúncio da vitória da Braziliando.

O símbolo do Nobel Verde

O troféu é uma obra de arte. E a designer internacional Silvana Borges (LCTM) e o artista plástico Darlan Rosa deram vida à escultura que tem a forma de esfera com seis faces. Cada uma delas representa os 6 pilares da United Earth Amazonia – fauna, flora, ar, água, recursos naturais e humanidade.

Na tarde da cerimônia houve o lançamento da pedra fundamental de uma escultura de 5 metros de diâmetro. A escultura será instalada no complexo turístico da Ponta Negra, em Manaus.

Cerimônia de premiação

No dia 27 de fevereiro, a cerimônia foi realizada no Teatro Amazonas, em Manaus. Juntamente com os 6 projetos vencedores de ESG, foram homenageados os artistas Roberto Carlos e Erasmo Carlos (in memoriam, representado por seu filho Leo Esteves) por suas canções que há mais de 50 anos promovem a proteção ambiental, o amor entre as pessoas e o respeito a todas as criaturas.

Junto à Tereza, sócia da Braziliando, participaram do evento algumas das várias pessoas que escrevem com a gente essa história, como alguns de nossos parceiros indígenas e ribeirinhos e nossa parceira da ONG IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas). O IPÊ também contou um pouco sobre a premiação neste artigo.

Posteriormente, ao receber o prêmio, Tê compartilhou como a Braziliando traz mais cor e luz à sua vida e agradeceu aos viajantes e volunturistas, equipe e parceiros, que nos dão a mão e ajudam nessa caminhada.

A ideia é tornar o prêmio uma referência para conscientizar a população a mudar hábitos e atitudes para contribuir com a preservação do planeta. Veja a cerimônia na íntegra abaixo.

Unid@s

O United Earth Amazonia Award reafirmou uma certeza que já compartilhávamos: junt@s podemos transformar realidades e promover um mundo mais sustentável e harmonioso.

Seguimos com a missão de promover ações de impacto positivo para comunidades, seus territórios e para a biodiversidade local, valorizando o que os torna únicos, gerando renda e oportunidades e sendo responsáveis em nossa atuação.

Por outro lado, também procuramos oferecer experiências autênticas e orientar quem nos procura. Acreditamos que, ao final de tudo isso, os dois lados se transformam e para além do período da vivência realizada, mas permanentemente.

Chegou até a Braziliando por esse artigo? Conheça nossas vivências!

Braziliando é vencedora de prêmios de turismo sustentável

A sustentabilidade é um pilar essencial da atuação da Braziliando. Nesta ano de 2022, uma de nossas vivências – a viagem virtual Conexão Baré – foi ganhadora de dois prêmios de relevância nacional e internacional para o turismo sustentável: o Prêmio de Turismo Responsável WTM Latin America e o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade.

Vem com a gente descobrir um pouco mais sobre esse importante marco na nossa história!

Turismo sustentável: uma preocupAÇÃO da Braziliando

Ana e Tê (Braziliando) abraçadas com os comunitários na entrada da aldeia.
Ana e Tereza, sócias da Braziliando, com os indígenas de uma comunidade parceira.

Nossa missão de promover experiências responsáveis e autênticas sempre foi pautada na preocupação com a comunidade, viajantes e com o meio ambiente. Além de oferecer vivências conectadas com a realidade local e que respeitam as tradições e o cotidiano dos moradores, buscamos incentivar a valorização de sua cultura (pelo viajante e pelo próprio comunitário) e gerar oportunidades.

O propósito é permitir novos olhares, quebra de paradigmas e uma nova visão de mundo, pautada na solidariedade, na harmonia com o meio ambiente e as pessoas, na simplicidade e no respeito.

Esses importantes prêmios reconhecem o que buscamos promover desde 2017, quando começamos a atuar com turismo sustentável na AMAzônia.

Prêmio Turismo Responsável WTM Latin America

Fomos uma das três iniciativas brasileiras finalistas no Prêmio Turismo Responsável WTM Latin America e Gold Winner na categoria Sustaining Employees and Communities through the Pandemic (Apoio a funcionários e comunidades durante a pandemia).

Prêmio WTM Turismo Responsável. Ana e Tereza abraçadas no palco enquanto Ana segura o prêmio com uma das mãos. Ao fundo, uma tela exibe um slide anunciando a vitória da Conexão Baré na categoria "Apoio a funcionários durante a pandemia".
Sócias da Braziliando recebendo o prêmio pela experiência Conexão Baré.

A cerimônia aconteceu em abril, em São Paulo, e foi a realização de um sonho. Termos a Conexão Baré como ganhadora, entre 14 iniciativas finalistas de empresas de vários lugares do mundo, é uma grande honra e mostra que estamos no caminho certo.

Prêmio Braztoa de Sustentabilidade

Junto a conquista que fez nossos corações transbordarem, fomos surpreendidas por mais uma: a Conexão Baré foi também vencedora do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade.

Nesta edição, a premiação procurou reconhecer iniciativas que superaram os desafios enfrentados pelo setor frente à pandemia da COVID-19. O juri avaliou se os participantes, para além dos resultados econômicos, desenvolveram iniciativas sustentáveis em seus projetos e impactaram positivamente as pessoas e o planeta.

Prêmio Braztoa de Sustentabilidade. O tema dessa edição foi "Resiliência". O troféu representa uma árvore, feito em fibra de tom marrom claro/bege.

A resiliência não foi apenas da Braziliando, que continuou apoiando os comunitários (através da geração de renda e valorização cultural) e operando na pandemia, mas também do povo Baré que fez da internet uma ferramenta de aprendizado e multiplicadora de oportunidades.

E depois de tanta boa notícia, a Braziliando ainda foi selecionada pelo júri da premiação, dentre as 5 vencedoras, para ser presenteada com a produção de um vídeo do Ministério do Turismo apresentando a iniciativa. Aguenta coração!

Confira aqui a cerimônia da premiação na íntegra.

Turismo Sustentável e Protagonismo indígena

Além de terem cocriado a Conexão Baré com a Braziliando, os comunitários da aldeia estão envolvidos no planejamento e condução de cada edição. Após um ano de viagens online, notamos que a participação dos indígenas da comunidade no turismo aumentou e que a vivência virtual atraiu pessoas de todas as idades e gêneros.

O protagonismo Baré demonstra que além de manterem a floresta em pé, usando os recursos de forma sustentável para geração de renda e empoderamento, os povos tradicionais também utilizam a tecnologia como aliada no compartilhamento de sua cosmovisão e no fortalecimento da sua cultura.

Vem com a gente valorizar a cultura tradicional e gerar impactos positivos embarcando na Conexão Baré!

Amazônia

AMAzônia: a floresta e as mulheres indígenas

A Amazônia sobrevive a diversos processos de esquecimento e destruição. A região enfrentou diversos apagamentos — linguístico, cultural e histórico — e seus habitantes sofreram violências físicas e simbólicas que reverberam até os dias atuais. Entretanto, alguns grupos locais, como as mulheres indígenas, resistem e lutam para mudar esse cenário. Neste Dia da Amazônia e Dia Internacional das Mulheres Indígenas, a Braziliando compartilha a importância desse lugar que nos acolheu e que agora acolhe nossos viajantes, na missão de gerar outras visões de mundo e transformações positivas.

A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo, tanto por sua extensão territorial quanto pela sua rica biodiversidade. Segundo dados do Arpa (Programa Áreas Protegidas da Amazônia), são mais de 600 tipos diferentes de habitat (terrestres e aquáticos) com cerca de 45 mil espécies de plantas e animais vertebrados. Toda essa riqueza ocupa aproximadamente 6,7 milhões de km², sendo que 60% desse total se encontra em território brasileiro. 

A importância da Amazônia é reconhecida internacionalmente e a floresta abrange cerca de 10% de toda a diversidade do planeta. Além disso, ela tem um papel fundamental para a estabilidade climática mundial, já que as intensas trocas de gases e vapor d’água que acontecem lá, fornecem serviços ambientais importantíssimos ao redor de todo o globo. É também na região que se encontra o maior rio do mundo em volume de água, o Rio Amazonas, e a maior bacia hidrográfica do planeta: a bacia amazônica. São 25 mil quilômetros de rios navegáveis!

Imagem de um rio com água escura sob um céu com muitas nuvens. No canto direito, um pedaço da floresta.
Fotógrafo: Vivek Gandhi

Algumas espécies de animais, como peixes de água doce, aves e primatas, são mais diversas na Amazônia do que em qualquer outro lugar no mundo. Quando falamos no bioma amazônico, estamos falando de 49% do território nacional (segundo o IBGE), por isso, devemos considerar que boa parte dessa biodiversidade ainda é pouco conhecida pelo ser humano.

Uma relação de troca

A floresta proporciona segurança alimentar e saúde para muitas famílias. As frutas amazônicas, por exemplo, além de auxiliarem na prevenção e cura de doenças, também oferecem nutrientes importantes. A castanha possui níveis de proteína semelhantes ao leite de vaca e a polpa de buriti possui uma das maiores quantidades de vitamina A entre todas as plantas do mundo. 

Imagem de uma mão tocando o tronco de uma árvore. Ao fundo, é possível ver as sombras de outras árvores e a luz do sol
Fotógrafa: Nathália Segato

Os povos originários fazem parte da floresta. Com um conhecimento ancestral, eles possuem um grande domínio sobre as peculiaridades do território e vêm, durante todo esse tempo, transformando positivamente a abundância e distribuição das árvores. São mais de 180 povos indígenas e outros grupos isolados vivendo neste lugar.

Mas a Amazônia também é a casa de seringueiros, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, agricultores familiares, piaçabeiros (extrativistas da fibra da palmeira da piaçava), peconheiros (extrativistas de açaí) e muitas outras populações tradicionais. 

Ver como esses grupos aliam seus conhecimentos a seus modos de vida e contribuem para a sustentabilidade na região é transformador. Na Vivência Baré, você pode vivenciar o dia-a-dia amazônico, conhecer sobre os costumes locais, navegar pelo rio, se aventurar na mata e presenciar de perto toda a beleza e riqueza desse lugar. Atualmente, a experiência está suspensa devido à pandemia, mas você pode preencher o formulário de reserva em nosso site e receber em primeira mão as atualizações sobre a retomada das atividades presenciais quando acontecerem.


A preservação da Amazônia é importante para a biodiversidade brasileira, é uma questão de saúde pública, uma preocupação mundial, uma necessidade econômica e, principalmente, uma urgência para os povos e comunidades tradicionais.

Amazônia: substantivo feminino

Somos filhas das ribanceiras
Netas de velhas benzedeiras
Deusas da mata molhada
Temos no urucum a pele encarnada.
Lavando roupa no rio, lavadeiras
No corpo um gingado de carimbozeiras
Temos a força da onça pintada
Lutamos pela aldeia amada.

Trecho do Poema de Márcia Wayna Kambeba

Hoje, dia 5 de setembro, comemoramos também o Dia Internacional das Mulheres Indígenas. Das Icamiabas, as primeiras guerreiras brasileiras, até Cunhaporanga, a jovem indígena com mais de 2 milhões de seguidores no TikTok, as mulheres indígenas são exemplo de força, cuidado e sustentabilidade. 

Antigamente, as mulheres indígenas eram vistas como geradoras e guardiãs dos mitos e das lendas, hoje, discute-se e procuram evidenciar o papel delas na luta dos povos indígenas e na preservação da Amazônia. Com mais participação nas decisões coletivas e ocupando lugares de destaque e liderança, elas são resistência e referência para outras mulheres e para sociedade. Joenia Wapichana, a primeira mulher indígena eleita deputada federal; Kokoti Xikrin, a primeira mulher cacique do povo Xikrin; Madalena Caramuru, a primeira mulher alfabetizada no Brasil era indígena; são apenas alguns exemplos de mulheres indígenas potentes.

Imagem de duas moradoras da comunidade Baré na beira do rio, trabalhando em uma superfície de madeira com alguns utensílios.
Fotógrafa: Nathália Segato

As mulheres exercem um papel poderoso no conhecimento e no uso do patrimônio florestal não-madeireiro. Suas relações com a água, com os animais e com as plantas, demonstram um cuidado com a natureza e preocupação com sua conservação. Elas não são as “jardineiras do mundo”, mas as atividades que exercem são muito próximas do conceito de equilíbrio da relação natureza-sociedade.  

Que esta data seja lembrada e celebrada como a representação da luta para que estes corpos, territórios e espíritos não sejam mais violados e oprimidos.

Mulheres Indígenas Baré

Não poderíamos deixar de homenagear também  as mulheres indígenas de Nova Esperança, comunidade parceira da Braziliando. Além de exemplos de força e cuidado, elas nos inspiram e nos ensinam constantemente.

A todas as mulheres Baré nossa gratidão por esses anos de aprendizado e colaboração. A sabedoria, determinação e alegria de vocês são transformadoras e carregam o verdadeiro significado de ser Amazônia.

Imagem de três mulheres da comunidade Baré na varanda de uma casa. Na esquerda, uma mulher segurando um bebê, no centro uma criança e à direita, uma adolescente segurando o batente de madeira azul da entrada da casa.
Fotógrafa: Amanda Magalhães

Gostou de conhecer um pouco sobre as mulheres de Nova Esperança? Você pode conhecer mais mulheres inspiradoras e toda a comunidade indígena Baré através da nossa viagem online. Leia mais sobre a Conexão Baré e saiba como participar do próximo embarque.

Conexão Baré: viagem online para Amazônia

Conexão Baré: viagem online para a Amazônia

No ano passado, compartilhamos as medidas que adotamos para garantir a segurança de nossos parceiros indígenas da etnia Baré e de viajantes. Em meio à crise, co-criamos com a comunidade uma viagem online para que as pessoas pudessem conhecer sua cultura e seu cotidiano e pudéssemos continuar apoiando e valorizando os povos da Amazônia. Conheça a Conexão Baré!

Imagem da entrada da comunidade, sob a perspectiva de quem olha de dentro dela, com algumas árvores e o rio. Ao fundo, o pôr do sol reflete nas águas do rio.
Foto: Luísa Ferreira

Motivação

Mesmo com as viagens presenciais suspensas desde março de 2020, mantivemos o contato com os representantes da aldeia, que vinham compartilhando conosco os desafios surgidos (ou acentuados) pela pandemia. 

Além da dificuldade de acesso à alimentação e serviços de saúde, outro forte impacto foi na economia da aldeia. Com a paralisação do turismo e a diminuição da venda dos artesanatos, as famílias estavam tendo dificuldades em complementar suas rendas.

Com muita reflexão e colaboração, buscamos soluções para apoiá-los e mantermos a Braziliando em operação. Como vocês sabem, somos um negócio de impacto social que tem como missão promover transformações positivas através de experiências autênticas e responsáveis.

Dentre as várias ideias e projetos que emergiram de nossas conversas, decidimos priorizar o desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária (TBC) no formato online, para seguirmos apoiando a comunidade através da geração de renda e da valorização cultural. 

Desta forma, co-criamos com a comunidade a Conexão Baré: uma viagem imersiva, interativa e online que conecta os viajantes da Braziliando com o povo Baré da Amazônia. 

Conexão Baré

Imagem mostra um computador ao centro com a imagem de um comunitário indígena entre algumas árvores da aldeia. Ao fundo do computador há uma janela aberta exibindo as folhas das árvores.

Nesta experiência, o viajante virtual tem a possibilidade de visitar diferentes espaços da aldeia e participar de várias atividades do dia a dia local, para imergir na realidade de uma comunidade ribeirinha amazônica. 

Através dela é possível, por exemplo, descobrir sobre o processo de confecção do artesanato, se encantar com as receitas típicas de dar água na boca, conhecer a biblioteca comunitária e aprender a produzir um grafismo indígena.

Pensando em tornar a Conexão Baré mais próxima de uma experiência de viagem, o participante é teletransportado para a realidade local através de materiais de imersão cultural e conteúdos sobre a vida indígena, cuidadosamente preparados pela equipe da Braziliando junto à comunidade. 

Além disso, sendo realizada através de uma conexão ao vivo, existe a possibilidade de interações em tempo real! Os participantes podem fazer perguntas para os diferentes anfitriões que nos acompanham durante a vivência a fim de conhecer mais sobre a comunidade indígena amazônica e esse estilo de vida tão particular.

Colhendo os frutos: um ano de Conexão Baré

Após um ano realizando a vivência, percebemos que essa semente plantada na pandemia vem dando muitos frutos. A viagem online vem gerando impacto positivo tanto para os comunitários quanto para os viajantes e rompendo barreiras.

Inclusão

Procuramos tornar nossa experiência o mais acessível e inclusiva possível. Já contamos, por exemplo, com a participação de cadeirantes e de pessoas com deficiência visual e auditiva, que vêm contribuindo, através de suas sugestões, para que a vivência se torne mais adaptada. 

Além disso, lançamos o Passaporte Inclusivo buscando possibilitar que pessoas que não tenham condição de arcar com o valor sugerido possam vivenciar essa experiência autêntica e transformadora na Amazônia.

Educação

A Conexão Baré possibilita também levarmos às escolas e universidades um formato de ensino mais dinâmico e conectado com a realidade indígena, possibilitando a quebra de estereótipos e troca de conhecimentos. Já promovemos a experiência para instituições de ensino do Brasil e do exterior, como a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, a Universidade de St. Gallen (Suíça) e a Universidade do Colorado (EUA). 

Inclusive, além de participantes de 16 estados brasileiros, tivemos viajantes de Moçambique, Alemanha, Portugal, França e diversos outros países nas experiências abertas ao público. Quando necessário, essas vivências são realizadas no formato bilíngue. Desta forma, a cultura do povo Baré está sendo disseminada por todo o globo.

Valorização

Falando em cultura, a viagem online tem contribuído para o resgate e fortalecimento cultural na comunidade. Também tem atraído cada vez mais comunitários para o turismo, sejam eles mais jovens, de mais idade, homens ou mulheres.

O pajé, por exemplo, tem compartilhado seus saberes ancestrais com os viajantes, a juventude tem se envolvido nas atividades da Uka (biblioteca da comunidade) e do artesanato, já a anciã tem apresentado seus dons culinários se comunicando inclusive no idioma indígena dos Baré, o Nheengatu.

Ao longo deste ano, foram 15 viagens online realizadas, gerando mais de R$10 mil em renda para a comunidade. Tanto o valor sugerido pela vivência, quanto o faturamento mínimo e a forma de distribuição da renda foram definidos em conjunto com a comunidade, de forma que fosse justo para todos os envolvidos. 

Transformação

O comunitário Joarlison Garrido compartilhou:

“Fazendo uma reflexão, mesmo com todos os desafios da pandemia na saúde, na educação e na economia, eu falo que o Baré estava “on”, porque surgiu a Conexão Baré. Hoje, nós trabalhamos essa iniciativa que a cada dia nos traz mais aprendizado e tem impactado na receita da própria comunidade e ajuda as famílias”. 

Ele conta que a vivência gerou mais reconhecimento para o artesanato local e causou um efeito cascata, incentivando o conhecimento dos artesãos e as vendas.

“É importante compartilhar, é possível fazer o turismo de forma virtual no meio da floresta, desenvolver, inovar e de fato concretizar a sustentabilidade para os povos que vivem na floresta.”

Nossos viajantes também compartilharam um pouco de seus sentimentos após participarem da Conexão Baré.

A Conexão Baré tem um nome realmente apropriado, pois foi uma experiência de muita conexão. […] por mais que a visita tenha sido virtual, me permitiu quase sentir o cheiro da comida e o calor do sol que vinha da comunidade.

Letícia Lopes

Uma viagem muito interessante, uma experiência inesquecível. Uma forma de conhecer outros povos, outras culturas. É interessante perceber como num local tão longínquo há tantas coisas que nos unem.

Ana Paula Pimentel

Surpreendente. Usar tecnologia com tamanha criatividade e sensibilidade foi algo encantador. Não podia imaginar o impacto que isso causaria em mim. […] Momento único.

Cristiane Barroncas

Ficou com vontade de conhecer o povo Baré e embarcar na próxima vivência? Então, preencha aqui a ficha de interesse e receba em primeira mão as informações da próxima viagem online assim que tivermos um novo embarque.

Imagem mostrando o rio, com água escura, e ao fundo a comunidade. Além de algumas construções, é possível ver algumas árvores e o céu azul.
Vista da Comunidade Nova Esperança

Conversa com o pajé

Os indígenas Baré na quarentena

Queridos amigos e parceiros da Braziliando, esperamos que vocês e seus entes queridos estejam bem. Muitos de vocês vêm nos perguntando como está a situação dos nossos parceiros indígenas Baré na quarentena e estamos aqui para dar notícias! 

A Suspensão das Viagens da Braziliando

Desde o início dessa pandemia, temos estado em contato com os representantes da aldeia e, mesmo antes do anúncio das novas medidas de contenção do coronavírus no Brasil, preferimos suspender nossas atividades. Na Braziliando, buscamos promover transformações positivas através de experiências de viagem autênticas e responsáveis e não queremos colocar ninguém em risco de contaminação, nem os viajantes nem a comunidade indígena.

Ainda que os Baré sejam um povo forte e corajoso 💪, não é menos verdade que certas doenças, como o Covid-19, podem deixar os indígenas mais vulneráveis, especialmente quando os hospitais mais próximos, os de Manaus, estão distantes e atualmente superlotados. Então, já há algum tempo, pausamos nossa experiência de turismo sustentável na Amazônia, esperando retomar em breve nossas imersões na querida floresta amazônica.

Amanda
Viajante Amanda na comunidade Nova Esperança

Os Desafios da Comunidade na Quarentena

Foi um alívio ouvir do José, o cacique e líder comunitário, que ninguém na comunidade foi afetado pela doença. Felizmente, eles estão tomando muitas precauções e buscando respeitar as medidas de contenção do Covid-19.

Na floresta, onde a vida comunitária é essencial, o confinamento é bastante desafiador. José compartilhou que a vida dos indígenas Baré na quarentena mudou: eles que costumavam viver juntos, brincar juntos, trabalhar juntos, estão tendo dificuldade de manter essa união com o isolamento social.

Embora seja possível sobreviver da caça e da pesca, Joarlison, filho do José e vice-líder da comunidade, compartilhou que alguns alimentos e produtos de higiene básicos, como pasta de dente, sabão, arroz, feijão e leite, estão em falta. 

Além disso, os habitantes temem por sua saúde uma vez que a campanha de vacinação organizada com o auxílio do governo foi suspensa. Eles compartilharam também que os médicos que costumavam comparecer uma vez por mês não estão mais visitando a comunidade e distribuindo medicamentos.

Contudo, um dos maiores desafios para indígenas Baré na quarentena talvez seja a situação econômica. O Turismo de Base Comunitária (TBC) e a venda de artesanatos, que colocaram em prática uma alternativa de atividade sustentável nas aldeias amazônicas, cessaram e as famílias não estão tendo meios de complementarem a renda.

Entrada da comunidade na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga-Conquista.

Vamos Juntos Co-criar o Futuro?!

A Braziliando vem buscando formas de se reinventar nesse período de crise e de continuar apoiando a comunidade, especialmente através da geração de renda e da valorização cultural. Seguimos em constante contato com os comunitários e potenciais parceiros, buscando novas soluções, e estamos com a mente pulsando com novas ideias!

Defendemos uma gestão inclusiva da crise e queremos te convidar a fazer parte da co-construção desse futuro, cheio de possibilidades! Vamos construir juntos um novo presente?! Compartilhe com a gente suas ideias e sugestões para mantermos a Braziliando e Nova Esperança florescendo! 🌸🌺 E com muita colaboração vamos sair mais fortes desse caos!

Esperamos que esses longos momentos de reflexão que nos estão sendo oferecidos com o isolamento social sejam uma oportunidade para formar mais viajantes conscientes. Desta forma, quando essa crise finalmente acabar e pudermos viajar em segurança novamente, poderemos voltar a promover essas imersões transformadoras e o turismo sustentável será novamente um caminho para a construção de um mundo mais justo e unido.

Estamos animadíssimas para receber suas idéias e sugestões para ajudar a Braziliando e nossos parceiros na comunidade indígena de Nova Esperança! Você pode compartilhá-las aqui nos comentários ou nos mandar por e-mail (discover@braziliando.com) ou através do nosso Instagram ou Facebook.

Se cuida! 💚

Com carinho, Braziliando.