Retrospectiva Braziliando 2023

Mais um ciclo que se encerra e viemos celebrar as conquistas, os aprendizados e as pessoas que fizeram parte desse ano especial. Em 2023, recebemos um prêmio inédito, participamos de programas inspiradores, espalhamos nossas sementes em um novo destino e promovemos encontros marcantes. Vem conferir tudo o que rolou na Retrospectiva Braziliando!

O ano começou com uma grande surpresa: fomos premiadas com o United Earth Amazonia Award, o Nobel Verde. Além da emoção e felicidade em recebermos essa conquista, a noite da premiação também foi uma oportunidade de reafirmarmos nosso compromisso com a sustentabilidade e de celebrarmos com pessoas da comunidade e outros parceiros que ajudaram a construir a nossa história.

Fizemos conexões com pessoas, negócios e empresas que nos ajudaram a fortalecer nossa essência e contribuíram com nossa trajetória. A Braziliando foi um dos negócios mentorados no Programa Inovação Social para a Amazônia, realizado pelo Portal do Impacto e a Phomenta. Nossa sócia-fundadora, Ana Taranto, se inscreveu para o programa e passou por uma capacitação online. Das quase 300 pessoas que se inscreveram, apenas 10 com melhor engajamento e participação foram selecionadas para receber mentorias individuais. Foi uma experiência enriquecedora, que nos permitiu ter novos olhares e ampliar nossa rede de contatos.

Também fomos aprovadas para a primeira fase do programa de aceleração 100+ Labs Brasil, uma iniciativa da Ambev em parceria com a Parceiros pela Amazônia e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e executada pelo Quintessa, que une inovação e sustentabilidade. E agora, no final do ano, também fomos aprovadas na Aceleração EmbraturLAB #2! O programa de inovação é realizado pelo Turistech Hub, o hub líder em inovação no turismo brasileiro, e pela EmbraturLAB, o braço de inovação da Embratur.

Nossa sócia, Tereza Taranto, também se conectou com importantes instituições que atuam na região amazônica. Em uma visita de campo muito especial, Tê se reuniu com nossos parceiros indígenas para traçar o planejamento da vivência Amazônia Baré e conheceu novas comunidades e histórias.

Tivemos alguns encontros especiais neste ano! 🙌 Em abril, nos reunimos na “cidade maravilhosa” pra percorrer a trilha indígena do Jardim Botânico. Por lá vimos várias espécies de plantas presentes no cotidiano dos povos originários, como Samaúma, Manacá e Vitória-Régia, e ainda curtimos um momento de confraternização. Em 2023, também teve o Braziliando Cozinha! Juntamos virtualmente o nosso time pra fazer uma moqueca de banana e um delicioso pavê de frutas. Qual será nossa próxima aventura gastronômica?

E as campanhas de 2023?! Quem nos acompanha no Instagram viu nossa missão de retirar o plástico de uso único da nossa rotina na Semana Sem Plástico, pra mostrar que #NossoPlanetaNãoÉDescartável. Também falamos sobre diversidade e inclusão na Semana do Orgulho, com direito a roda de conversa virtual e muita reflexão!

Outra ação importante foi a Conexão Baré Seca Amazônica, que alertou sobre a forte estiagem no Amazonas e arrecadou doações para nossos parceiros indígenas Baré. Por causa da seca, a vivência Amazônia Baré precisou ser suspensa.

Neste ano, também conseguimos realizar um desejo antigo de atuar em outras regiões e com novas comunidades. Atravessando o Brasil, rumo a Mata Atlântica, realizamos o nosso encontro de equipe no feriado da Consciência Negra em um quilombo. Apesar de conhecermos a região há bastante tempo, foi em 2022 que a Ana conheceu a comunidade e desde então começamos a desenhar essa parceria.

Junto com uma historiadora antirracista, Odara Philomena, vivemos uma imersão em um quilombo com mais de 200 anos de história e resistência. Além da comunidade ter conduzido atividades culturais e na natureza para a gente imergir no seu modo de vida, Odara trouxe questionamentos que contribuíram para a valorização da cultura negra e a quebra de preconceitos.

A Vivência no Quilombo é uma experiência transformadora e já tem data para acontecer em 2024 – de 30/05 a 02/06. Nessa imersão, você escuta as histórias da comunidade, prova as delícias da região, mergulha no rio e caminha em meio a Mata Atlântica, participa de oficinas e até de uma roda de jongo! Preencha a ficha de interesse para receber mais informações!

E você também pode embarcar – em qualquer época do ano e sem a necessidade de fechar um grupo – na vivência Amazônia Baré. Nessa jornada pela floresta e a cultura indígena, você se hospeda em uma pousada familiar, vivencia atividades do dia a dia local (como navegar de canoa ou caminhar pela mata), ouve as histórias e entra em contato com a sabedoria ancestral dos Baré.

Nossa gratidão a todas as pessoas que fizeram parte desses momentos e que fazem parte da nossa história. Neste ano, a Braziliando completou 7 anos de existência e nossa trajetória não seria a mesma sem as parcerias que construímos nesse caminho.

Nosso desejo para o próximo ano? Continuar promovendo a mudança que queremos ver no mundo! Bora com a gente nessa missão?

Dia da Consciência Negra: história, feriado e imersão quilombola

Em novembro, no dia 20, é celebrado o Dia da Consciência Negra. A Braziliando inicia hoje uma programação especial e uma nova vivência imersiva e responsável, para trazer essa pauta tão importante, buscando trazer reflexões para promover transformações sociais positivas.

Por que um dia da consciência negra?

O Dia da Consciência Negra representa uma luta centenária, que não pode (e nem pretende) ser resumida em um dia ou até mesmo neste texto. E, apesar da pessoa que aqui escreve não ser negra, estamos ocupando esse espaço como forma de assumirmos nossa responsabilidade. A Braziliando se une a luta contra o racismo e na construção de um mundo mais justo e igualitário.

São esses também os objetivos por trás da instituição dessa data, resultado da luta do movimento negro para mudar o então feriado do dia 13/05, quando foi aprovada a Lei Áurea, documento que não garantiu reparações a população negra.

No dia 20, também é celebrado o Dia Nacional de Zumbi, uma homenagem ao líder do maior quilombo do continente americano, Zumbi dos Palmares. Assassinado em 1695, Zumbi é símbolo de resistência e luta contra a escravidão, além de todo seu esforço pela liberdade cultural e religiosa da população africana. A data reconhece o seu legado e serve de motivação para que a desigualdade racial e a descriminação tenham um fim.

Contudo, não basta apenas reconhecer o racismo estrutural, é preciso não se isentar. Se tornar uma pessoa aliada na luta antirracista não significa estar livre do racismo, mas estar disposta a desafiar o racismo nas outras pessoas e em si mesma. Essa é uma das reflexões que buscamos despertar em uma vivência imersiva em um quilombo histórico.

Quilombo: história de luta

Fotógrafo: Cristiano Braga

O Quilombo dos Palmares foi apenas um dos inúmeros que existiram no nosso país. Os quilombos são lugares de resistência. Eles foram (e são) uma das diversas formas de manter viva a cultura, a história e a identidade da população negra.

É comum imaginar os quilombos como lugares de luta e refúgio de pessoas negras escravizadas, mas, hoje, são territórios de moradia, de produção, de lazer, de conhecimento e de permanência. Eles abrigam vivências e práticas compartilhadas que ajudam a preservar e a afirmar esse modo de vida.

Atualmente, são cerca de 6 mil quilombos no nosso país, nas áreas rurais e urbanas. Os estados com as maiores populações são Bahia, Maranhão e Minas Gerais que, juntos, concentram mais da metade de todos os quilombolas do país.

Dessa forma, a resistência e importância dos quilombos são mais atuais do que nunca!

Comunidades quilombolas

De acordo com o último censo, a população quilombola já ultrapassa 1,3 milhão de pessoas. Quase 13% desse total vive nos 494 territórios quilombolas oficialmente delimitados, enquanto a grande maioria vive fora dessas áreas formalmente reconhecidas.

Os povos quilombolas são um dos principais aliados na defesa de um futuro mais sustentável. Ajudando a proteger a Amazônia e até a biodiversidade da América Latina, as comunidades quilombolas possuem uma forma particular de enxergar e de se relacionar com a natureza. Portanto, conseguem garantir sua sobrevivência sem prejudicar o meio ambiente para as gerações futuras.

Vivência quilombola

Imersão no Quilombo - de 18 a 20/11 (feriado do Dia da Consciência Negra)

Nada melhor do que uma imersão quilombola para fazermos essas reflexões, enquanto aproveitamos a natureza para nos conectar com nossa ancestralidade e com a gente.

De 18 a 20/11, nossa equipe vai embarcar em uma vivência quilombola em um lugar com mais de 200 anos de história e resistência. E sabe qual é a boa notícia?! Decidimos abrir essa experiência para quem mais quiser participar com a gente! O quilombo está localizado na costa norte de São Paulo (a menos de 300km da cidade de SP e do RJ), em uma das mais preservadas áreas de Mata Atlântica de lá.

Entre as diversas atividades do roteiro, vamos:

  • participar de rodas de conversa para conhecer a história da comunidade,
  • preparar pratos típicos com a ajuda de uma habilidosa cozinheira,
  • ouvir como surgiu a boneca Abayomi – símbolo de resistência, amor e proteção que guardava as crianças durante a travessia nos navios que aprisionavam e comercializam a população negra,
  • e dançar o jongo – uma celebração da memória negra, que conecta passado e presente, musicalidade e resistência.

A comunidade local é a protagonista da vivência e, além de conduzir cada atividade, compartilhando toda sabedoria do povo quilombola, recebe a maior parte do valor. Você ainda vai contribuir com a geração de renda na comunidade, o fortalecimento do turismo comunitário e a valorização da cultura tradicional.

Conscientização

É importante reconhecer que a população branca sempre foi privilegiada e se beneficiou do racismo e discutir o assunto de maneira aberta e honesta. O racismo não precisa ser consciente ou intencional para ser válido e pode ser praticado por qualquer pessoa, até mesmo as engajadas na luta antirracista.

Como diz Robin DiAngelo, “consciência sem ação não tem significado”. Por isso, ela acredita que entre os passos para combatermos o racismo estão assumir sua responsabilidade, reconhecer seus privilégios e buscar referências de pessoas negras. A esse último ponto vale procurar pessoas negras na literatura, na arte, no audiovisual, no empreendedorismo e nas viagens.

A educação é uma importante aliada. Aprender e crescer com os erros e se abrir para correr riscos são passos importantes. Nunca entenderemos o que precisamos entender sobre o racismo se não escutarmos as pessoas negras, mas essa também é a responsabilidade das pessoas brancas.

Por fim, lutar pela mudança que queremos ver no mundo significa abrir os olhos para a desigualdade racial e buscar caminhos para uma sociedade mais igualitária.

Espalhando sementes: nova vivência quilombola!

Raízes

Desde 2017 a Braziliando vem buscando promover transformações positivas através de vivências imersivas e sustentáveis junto a comunidades tradicionais. 

Nossa atuação com foco em impacto socioambiental nasceu na Amazônia. Por lá, promovemos experiências de turismo de base comunitária com comunidades ribeirinhas e indígenas, tanto presenciais quanto online.

Desde o princípio, tínhamos a intenção de atuar com comunidades tradicionais de outras regiões e, em 2022, nos conectamos com um quilombo da região de Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

Ramificações: Mata Atlântica + Quilombo

Floresta dentro do Quilombo - Mata Atlântica

Essa é por si só uma região mágica! Com uma rara Mata Atlântica preservada, é possível se conectar com a natureza através de praias inóspitas, inúmeras cachoeiras, rios e floresta.

A Ana, fundadora da Braziliando, que é apaixonada pela região, já havia ficado muito otimista com a parceria nas longas conversas com o quilombola Luciano. Mas, foi na visita que realizou ao quilombo no carnaval deste ano, que a vontade de fazer acontecer ficou ainda maior.

“Nesta breve estadia, ouvi da Camila (esposa do Luciano) sobre a história do lugar, conheci um pouco mais da realidade desumana dos navios que traficavam pessoas negras vindas do continente africano, apreciei o lindo artesanato local, vi de perto o engenho e a casa de farinha, subi no observatório de pássaros no meio da mata, caminhei pela natureza, curti o rio, visitei a sua casa e provei alguns dos deliciosos sabores regionais.”, conta Ana.

Assim, partiu motivada a levar mais pessoas para se conectarem com a comunidade e com esse lugar especial. Dessa forma, mais viajantes poderão conhecer essa cultura ancestral e histórica, gerar renda para o quilombo e valorizar seus saberes tradicionais.

Quilombola: ancestralidade e adubo para transformações!

Foi lendo um artigo do Guia Negro sobre a definição do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, como feriado estadual em São Paulo, que veio o estalo! Portanto, decidimos realizar o encontro da equipe nessa data super relevante, em conexão com a natureza e com a comunidade quilombola, resgatando mais da história afro-brasileira e fazendo importantes reflexões.

E por que não abrir essa oportunidade para quem está de fora?!

Dessa forma, construímos com os comunitários um roteiro bem especial e decidimos estender o convite para mais pessoas! A ideia é aproveitar o feriado de 20 de novembro para uma vivência bem diferentona, de imersão em um quilombo, em meio à Mata Atlântica, gerando renda para quilombolas e valorizando as suas tradições.

Quer fazer parte dessa jornada? Aqui você encontra mais informações e o caminho para se juntar a nós!

Seca na Amazônia: consequências da estiagem e como apoiar os povos da floresta

A Amazônia vive um período histórico: uma seca severa vem diminuindo drasticamente o volume dos rios e afetando diversas vidas. Desta forma, comunidades ribeirinhas estão isoladas e até sem abastecimento, animais e as plantas da floresta vem sofrendo com a falta de água e moradores perderam suas fontes de renda.

Inclusive, na aldeia indígena parceira, o turismo foi uma das atividades suspensas por tempo indeterminado. Contudo, para continuar apoiando a comunidade, vamos realizar uma edição inédita da Conexão Baré – vivência online da Braziliando com o povo Baré da Amazônia.

Seca: uma realidade conhecida na Amazônia

A seca na Amazônia não é nenhuma novidade para a população. Todos os anos, entre julho e novembro, acontece o verão amazônico, um período onde há uma diminuição das chuvas e um aumento das temperaturas. Portanto, além de demandar que os moradores locais se adaptem às mudanças no cenário da floresta, a seca também exige um estado maior de atenção para alguns problemas, como as queimadas.

Para quem viaja pra Amazônia, o verão amazônico não costuma ser um impeditivo para experienciar a floresta. Inclusive, é no período de seca que as praias de água doce aparecem e viajantes podem aproveitar os dias ensolarados e com pouca chuva para se refrescarem nos rios. Para moradores, a seca também contribui para a fartura na mesa, com o aumento da oferta de peixes, por exemplo.

Seca histórica na Amazônia

Contudo, neste ano, esse cenário se intensificou drasticamente. A estiagem foi muito mais severa e, nas últimas semanas, os níveis dos rios vêm diminuindo cada vez mais e as temperaturas estão batendo recordes. O aquecimento global pode ser uma das principais causas somado com o fenômeno El Niño, o que você pode entender melhor neste artigo da WWF.

As consequências foram rios atingindo novos patamares de seca – o Rio Amazonas chegou a 90cm em alguns pontos – e alterando a rotina de diversas comunidades, deixando milhares de famílias vulneráveis. A fauna amazônica também vem sofrendo com a situação e mais de 150 botos já morreram em um período muito curto.

De uma forma geral, os amazônidas têm outro tipo de relação com o rio. Nos centros urbanos do sul e sudeste, por exemplo, é comum não vê-los pela cidade. Canalizados ou poluídos, os rios não fazem parte do cotidiano dos moradores. Mas na Amazônia isso é diferente, como bem lembra o poeta Thiago de Mello.

“A lei do rio não cessa nunca de impor-se sobre a vida dos homens. É o império da água. Água que corre, água que leva e lava, água que se despenca em cachoeira, água que roda no rebojo, água que vai e volta em repiquete, água parada no silêncio do igapó. Água funda, água rasa onde os barcos encalham. Água negra do Andirá e do Negro. Água barrenta do Solimões, do Madeira, do Purus. As águas claras e verdes do Tapajós, do Xingu. É o Amazonas e o seu ciclo das águas. [..] O regime das águas é um elemento constante no cál­culo da vida do homem.” Amazônia – Pátria das águas, de Thiago de Mello.

A vida na aldeia durante a seca

Na aldeia dos nossos parceiros Baré, a estiagem alterou a rotina dos comunitários. Na escola indígena, as aulas presenciais foram suspensas e substituídas por aulas online, por causa da dificuldade na travessia de professores da capital manauara e da oferta da merenda para estudantes.

A venda do artesanato também foi afetada pela vazante. Está faltando matéria-prima para produção de algumas biojoias e está bem mais difícil ir até Manaus vender as peças, o que também tem impactado a renda dos artesãos.

A travessia de barco ficou mais longa e cansativa. Percursos foram alterados e os recreios precisam procurar os canais com maiores volumes de água, gastando mais combustível. Por isso, a passagem ficou mais cara.

O turismo na aldeia também sofreu os impactos da seca. Seguindo a recomendação da comunidade, a Braziliando suspendeu as vivências presenciais. O povo Baré, assim como outros ribeirinhos, está evitando a ida pra cidade e tem buscado formas de lidar com os desafios desse período.

Conexão Baré – Seca Amazônica

Para continuar apoiando nossos parceiros, no dia 11/11 vamos realizar uma edição inédita da vivência online Conexão Baré. Pra quem ainda não conhece essa experiência pioneira e vencedora de prêmios do turismo responsável, através de uma videochamadas nos conectamos com indígenas da etnia Baré para viver uma imersão em sua cultura e vivenciar atividades que fazem parte do seu cotidiano, como o artesanato, a culinária, o projeto de conservação das tartarugas amazônicas e o grafismo.

A Conexão Baré Seca Amazônica além de permitir esse mergulho no modo de vida originário, também será uma forma de ouvirmos – dos povos locais – os desafios trazidos pela seca. Com a vivência, seguimos com nossa missão de apoiar a comunidade, gerando renda e valorizando a cultura tradicional. Portanto, a Conexão Baré pode ser um caminho para um novo olhar para os povos indígenas e pode ser uma corrente(za) de transformações positivas. Aqui você descobre o impacto da vivência online.

Vem com a gente! As inscrições vão até o dia 07/11 e você ainda pode contribuir doando qualquer valor!

O que as indígenas Baré nos ensinam sobre a Amazônia

No dia 05 de setembro comemoramos duas datas muito importantes: o Dia da Amazônia e o Dia Internacional das Mulheres Indígenas. Muito se fala da reciprocidade, do respeito e afeto entre as protetoras e a floresta, mas as mulheres indígenas também são exemplos de criatividade, ancestralidade, ciência, poesia e solidariedade. Pra homenagear as mulheres indígenas do mundo, decidimos falar sobre nossas parceiras do povo Baré, que contam um pouco sobre a Amazônia através de suas vivências.

Amazônia: substantivo feminino

A maior floresta tropical do mundo abriga uma diversidade tão significativa quanto sua dimensão. Ocupando 60% do território brasileiro, a floresta é tão cheia de vida que uma nova espécie é encontrada quase todo dia. Cerca de 10% das espécies de plantas e animais conhecidos no mundo estão na Amazônia, fora a grande quantidade de espécies que ainda nem foram catalogadas.

As mulheres são maioria em toda a Amazônia Legal. Responsáveis pelo trabalho de cuidado – da família, do território, da biodiversidade e dos saberes tradicionais – elas apoiam na conservação da floresta, através da preservação das sementes e da grande variedade de espécies alimentícias e medicinais cultivadas.

Na aldeia onde vive o povo Baré, as mulheres são protagonistas de vários projetos que acontecem na comunidade. Na coordenação do turismo e das vivências da Braziliando, nos projetos de conservação da biodiversidade, liderando atividades e protegendo saberes ancestrais. Vem com a gente conhecer algumas delas!

Mulheres Indígenas Baré

Dona Ugulina

A anciã da comunidade é uma mulher forte, sábia e sorridente. Parteira da aldeia, carrega os ensinamentos da mãe e de tantas outras mulheres indígenas que a antecederam para realizar esse lindo ofício. Mãe de 10 filhos, avó e bisavó, ela viveu a experiência de três partos sozinha na aldeia. Mulher de coragem, que aos 70 anos esbanja disposição para ensinar e aprender, participando de duas das vivências online da Braziliando: a Conexão Baré e a Conexão Baré (Re)Nascimento.

Aos 19 anos, a Kunhã suri (mulher alegre em Nheengatu), viu a mãe realizar o parto do neto e já sentiu que conseguiria seguir seus passos. Depois fez 5 cursos fora da aldeia para aperfeiçoar a arte do partejar e ajudar as mulheres da região. Difícil mesmo é contar o número de partos que ela já fez em todos esses anos! Dona Ugulina confessa que já perdeu a conta.

Na última vivência online, a anciã recebeu uma pergunta sobre como orientar uma parturiente que tem medo do momento da chegada do bebê. Ela disse “a gente tem que ser mulher”, uma resposta simples para quem entende há muito tempo que resiliência e força, além de substantivos femininos, são qualidades das mulheres.

Rosy

Filha da Dona Ugulina e mãe de 6 filhos, Rosimeire é uma das coordenadoras do turismo na comunidade. Rosy é sinônimo de determinação e dedicação. Abraçando diversos projetos e com muita vontade de aprender, ela também é agente ambiental e coordena de forma voluntária o projeto de monitoramento de quelônios na comunidade.

Voltado para a conservação das tartarugas amazônicas, esse trabalho exige um cuidado especial durante alguns meses do ano, como coletar os ovos, observar os filhotes e depois soltá-los novamente na natureza. A Rosy representa a calma da floresta, ela sabe da importância de esperar (e respeitar) o tempo da natureza, de observar cada detalhe com atenção, pois a Amazônia é surpreendente!

Rosy também contribui para a união da ciência com os saberes tradicionais, ambos como conhecimentos fundamentais para a sustentabilidade e para a vida na floresta. Você descobre mais sobre o seu trabalho, o projeto de conservação e as tartarugas amazônicas na vivência online Conexão Baré Quelônios.

Gessiane (Paty)

Paty é hospitalidade. A anfitriã da vivência Amazônia Baré recebe em sua casa/pousada familiar viajantes de vários lugares do mundo e de culturas diferentes. Ela é, talvez, a dose mais presente da cultura Baré na vida de quem embarca nessa experiência amazônica.

Como a floresta, ela abriga e acolhe. Faz de seu lar, o lar de outras pessoas, mesmo que apenas por alguns dias. Como o rio, sua morada é leito para pessoas que buscam mergulhar em um novo mundo. A mãe da Helloyze acaba arrumando várias “crias temporárias” quando recebe viajantes e compartilha um pouco de todo esse afeto com essas pessoas.

Também faz parte da coordenação do turismo na comunidade, administra a pousada familiar e está prestes a iniciar um novo ciclo: a universidade.

Juliana

A Ju, que já foi anfitriã da Amazônia Baré, hoje é uma das responsáveis pela alimentação de quem embarca na vivência. Traduzindo a biodiversidade amazônica na mesa, Ju alimenta corpo e alma de viajantes. Os ingredientes amazônicos são ricos em nutrientes e em histórias, carregam tradições e modos particulares de preparo que vão além do prato.

Na vivência, ela também realiza a oficina de artesanato, ensinando a arte de confecção das biojóias. As peças, que por si só já trazem as cores e formas da floresta, juntas contam novas histórias e levam a Amazônia para outras cidades e até países.

Ju transforma o que a floresta tem de melhor pra oferecer em pratos e peças maravilhosos. É a materialização de toda a beleza que a floresta guarda em saberes, sabores e arte.

Para todas as mulheres indígenas, dentro e fora da floresta

Por aqui o sentimento é de gratidão a todas as nossas parceiras indígenas do povo Baré, que vêm trilhando o caminho do turismo sustentável com a gente. Mas celebrar o Dia Internacional da Mulher Indígena nos convida a sair da comunidade e até a sair da Amazônia, porque elas estão espalhadas por todo Brasil e pelo mundo.

Ocupando diversos espaços, essas mulheres são referência para tantas outras jovens indígenas e são inspiração para toda sociedade. Na política, como Sonia Guajajara e Célia Xakriabá; na moda, como Dayana Molina e We’e’ena Tikuna; na literatura, como Eliane Potiguara e Márcia Kambeba; nas artes, como Arissana Pataxó e Katú Mirim. Juntas elas promovem mudanças e trazem seus saberes ancestrais pro presente, cientes de que estão ajudando a construir um futuro melhor.

Participe de uma das vivências da Braziliando e conheça a Amazônia com as pessoas que ajudam a cuidar da floresta.

Orgulho

Semana do Orgulho – Ser livre pra amar, viajar e existir

No dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Aqui na Braziliando, a diversidade e a inclusão são alguns dos nossos pilares e acreditamos que promover encontros autênticos entre pessoas de realidades e vivências diferentes pode ser uma forma de valorizarmos as diferenças e quebrarmos estereótipos. Vem com a gente na Semana do Orgulho Braziliando!

Orgulho e Diversidade

Você não precisa saber o significado de cada letra da sigla LGBTQIAPN+ pra entender que elas falam sobre diversidade, mas conhecê-las pode trazer mais conhecimento e compreensão.

Elas representam variadas formas de expressar seus afetos, sua identidade e seu corpo.

Clique na imagem e confira seus significados no nosso post!

Essas letras, juntas, representam uma resposta ao silêncio e à violência. Colocadas, lado a lado, elas se somam ainda que o sinal de adição fique no final.

Celebrar a diversidade e inclusão significa lutar para que cada uma dessas existências seja amada e respeitada! Por isso, a Braziliando segue em mais uma campanha de conscientização e valorização de vivências que são constantemente minorizadas.

Lésbicas e gays, pessoas trans e queer, e todo o leque de identidades e sexualidades que o “mais” reforça, merecem uma vida livre de preconceitos, violências e discriminações. A comunidade LGBTQIAPN+ luta por seus direitos de amar, existir, ocupar espaços e viajar.

Viagens responsáveis e autênticas: uma via de transformação

As viagens são uma ótima forma de nos conectarmos com realidades diferentes e ampliarmos nossos referenciais culturais. Quando nos relacionamos com pessoas de outros contextos, de forma autêntica e respeitosa, podemos mudar nossa visão de mundo e rever preconceitos.

Os povos indígenas e a comunidade LGBTQIAPN+, por exemplo, carregam muitos desses prejulgamentos que são reforçados por imagens estereotipadas dessas pessoas. Quantas pessoas ignoram ou desconhecem a existência de indígenas LGBTQIAPN+? Será que viajantes LGBTQIAPN+ consideram comunidades tradicionais como opções de destino para suas viagens? Você considera a diversidade oposta à ancestralidade? Você sabia que há sinais de diversidade sexual no Brasil pré-colonial?

Ver listas de lugares para pessoas LGBTQIAPN+ evitarem viajar ou mesmo ler relatos de pessoas da comunidade que foram discriminadas durante sua viagem é algo que pode impedir muitas pessoas LGBTQIAPN+ de viajarem. Somado a outras questões, como o racismo e o machismo, viajantes podem acabar desistindo de conhecer um destino ou mesmo escondendo sua identidade ou orientação.

Os relatos de nossos viajantes LGBTQIAPN+ da vivência Amazônia Baré mostram que a floresta pode abraçar toda a diversidade que procura abrigo debaixo de suas árvores e no leito de seus rios. O povo Baré, que representa esse acolhimento amazônico, encheu os corações dos casais homossexuais Eduardo e Rodrigo e Nathalia e Amanda de alegria.

Amazônia Baré: acolhimento da floresta e seus protetores

Rodrigo e Eduardo

Rodrigo e Edu em sua vivência na Amazônia

Eduardo e Rodrigo estão juntos há 10 anos e, apesar de já terem viajado outras vezes, participar da Amazônia Baré foi a primeira imersão em uma comunidade tradicional.

Rodrigo compartilhou que o casal já tinha uma certa segurança em viver essa experiência pelo acolhimento da nossa equipe. “Desde o início a gente se sentiu acolhido. Vocês sabiam que a gente ia estar juntos e em nenhum momento isso foi tratado de forma desrespeitosa. Em nenhum momento estarmos lá dentro foi colocado como um problema”, ele compartilhou.

Lá na comunidade, esse sentimento foi reforçado pelo acolhimento da anfitriã na comunidade indígena, Paty. “Em nenhum momento a gente se sentiu constrangido com o povo Baré. Em todo momento a gente estava junto com as pessoas e as pessoas junto com a gente […]”, ele afirmou.

O médico recifense compartilhou ainda que encontrar pessoas LGBTQIAPN+ nos lugares que visitam passa uma segurança maior. Durante a visita à Reserva Mamirauá, por exemplo, o casal foi conduzido por um guia gay, o que os deixou mais tranquilos. “Encontrar os iguais nos lugares, qualquer que a gente esteja, deixa a gente mais seguro”.

Amanda e Nathália

Amanda e Nath navegando pelo rio de canoa

Pra Amanda e Nathália também foi a primeira vez realizando uma viagem de turismo de base comunitária e em uma comunidade tradicional como casal. A viagem, realizada em 2019, foi uma comemoração de 1 ano de namoro.

Apesar da data especial, as duas decidiram viver a imersão de forma discreta, como amigas. Como Nath relatou, o medo inicial era de viajarem sozinhas. “Além da questão de gênero, tem essa questão da sexualidade também.”, ela relatou.

Mesmo com essa preocupação, a fotógrafa mineira compartilhou que a experiência não teve nenhuma situação desagradável ou de preconceito. “Fomos super bem recebidas e super bem acolhidas”, ela compartilhou.

Orgulho e ancestralidade: roda de conversa com o povo Baré

Na semana passada, realizamos uma roda de conversa para conscientizar comunitárias e comunitários que estão envolvidos com o turismo buscando garantir uma recepção inclusiva e respeitosa a todas as pessoas que embarcam nas vivências através da Braziliando.

A conversa foi organizada e conduzida pelo Lucas Oliveira, da equipe Braziliando, que é um homem gay e já conhece boa parte das pessoas da comunidade. Uma de nossas preocupações era trazer esse conteúdo de uma forma leve e próxima da realidade do povo Baré, por isso, usamos alguns paralelos, como a noção de comunidade Baré e comunidade LGBTQIAPN+, o Nheengatu (idioma usado pelos Baré), a vestimenta tradicional dos indígenas, entre outros.

Ali, compartilhando o computador ou pelo celular em cada uma de suas casas, as pessoas envolvidas com as atividades da vivência Amazônia Baré puderam conhecer alguns cuidados essenciais na hora de receber viajantes LGBTQIAPN+.

A conversa trouxe algumas palavras e expressões que devem ser eliminadas e contou um pouco sobre essas diversas vivências e as necessidades particulares de cada uma delas.

Pra sentir o calor amazônico

Neste mês, em homenagem ao Dia do Orgulho e ao Dia dos Namorados, criamos uma promoção especial para casais de todas as orientações, gêneros e cores. Reservando a Amazônia Baré para você e para a pessoa amada, vocês garantem 10% de desconto no valor da vivência por viajante.

Já pensou em vocês curtindo um pôr do sol navegando de canoa pelo rio, provando os sabores amazônicos, aprendendo sobre o modo de vida indígena, apreciando a beleza da floresta? Entre em contato com a gente através do e-mail: discover@braziliando.com ou preencha o formulário de interesse na página da Amazônia Baré.

Turismo sustentável na Amazônia: vantagens e como ir

O turismo sustentável pode trazer vários benefícios para a população local. Além da preocupação com o meio ambiente, quem viaja buscando a sustentabilidade também contribui para a geração de renda e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Veja abaixo algumas vantagens que separamos e descubra como fazer turismo sustentável na Amazônia!

Trocas autênticas

O turismo sustentável valoriza o cotidiano, a simplicidade e a vizinhança. A cultura local é protagonista e é vivida intimamente, através da troca e da partilha. Respeitando o tempo da comunidade e criando conexões verdadeiras, o viajante participa do dia a dia local.

Almoço com a comunidade (Fotógrafa: Marcivania Melo, indígena Baré)

Na experiência Amazônia Baré, você se hospeda na casa de uma família local e vivencia por alguns dias a rotina na floresta. Você aprende com as tradições e saberes originários, prova a deliciosa culinária Baré e acompanha processos e práticas cotidianas e ancestrais.

Na Conexão Baré, os viajantes virtuais conhecem a cultura Baré através de uma plataforma de videochamada e podem interagir diretamente com os comunitários. A imersão começa dias antes do “embarque”, com diversos materiais que preparam (e, às vezes, introduzem) os participantes sobre aspectos da vida indígena.

Dividir para multiplicar

Artesanato
Artesanato da comunidade Nova Esperança (Fotógrafa: Nathália Segato)

O turismo sustentável também distribui a renda e as oportunidades. Além de beneficiar quem está diretamente envolvido com a atividade, moradores que produzem outros produtos e realizam outras práticas também podem colher os frutos do turismo.

Na vivência presencial, por exemplo, a rede de apoio é bem diversa. Comunitários que cultivam o roçado, que pescam ou que produzem artefatos advindos da floresta, também participam dos ganhos, assim como pessoas de outras comunidades, como os pilotos de lancha e outros produtores. O grupo de artesãos local se beneficia com a chegada de viajantes, através da realização de oficinas e da exposição das peças.

Mantendo a floresta em pé

A preocupação ambiental também é uma característica do turismo sustentável. Sendo assim, o lixo produzido na viagem e a exploração animal, que muitas vezes serve de entretenimento no turismo convencional, são fatores importantes a serem levados em conta.

Quelônios (bichos de casco) sobre a grama
Quelônios do projeto de monitoramento da biodiversidade realizado na comunidade (Fotógrafa: Tereza Taranto)

A Braziliando assumiu um compromisso com a World Animal Protection de proteção ao bem estar animal, não vendendo, oferecendo ou promovendo empreendimentos ou atividades em que os animais silvestres
são disponibilizados para o entretenimento dos turistas.

Além disso, na viagem online há uma redução da emissão de gás carbônico (já que não envolve deslocamento aéreo nem terrestre) e dos resíduos. Já na Amazônia Baré, o viajante recebe um manual com orientações de como ser mais responsável em sua vivência amazônica.

Coletividade

A sustentabilidade é uma preocupação coletiva. Portanto, estabelecer parcerias no turismo é fundamental para ampliarmos e facilitarmos o acesso aos seus benefícios. Por exemplo, nas parcerias com outras instituições e agências, é essencial que elas estejam alinhadas com o propósito da comunidade e comprometidas em ter uma atuação responsável.

Expedição “Amazoniando”, realizada em outubro de 2017.

A Braziliando tem um compromisso em gerar transformações positivas. Por isso, acreditamos que é possível quebrar estereótipos e promover, através do turismo, a mudança que queremos ver no mundo. Saiba mais sobre nossa atuação aqui.

Valorização cultural

Prosa na Casa de Farinha
Processo de produção da farinha de mandioca – Fotógrafa: Nathália Segato

O turismo sustentável evidencia a cultura local e procura contribuir para sua preservação. Logo, a comunidade deve ser protagonista e o turismo um aliado na melhoria da sua qualidade de vida.

Agora você já sabe as vantagens de praticar o turismo de forma sustentável. Embarque nas vivências da Braziliando e gere oportunidades para comunidades indígenas e ribeirinhas, valorize suas culturas e preserve o meio ambiente, através do turismo sustentável na Amazônia.

Conexão Baré: viagem online para Amazônia

Conexão Baré: viagem online para a Amazônia

No ano passado, compartilhamos as medidas que adotamos para garantir a segurança de nossos parceiros indígenas da etnia Baré e de viajantes. Em meio à crise, co-criamos com a comunidade uma viagem online para que as pessoas pudessem conhecer sua cultura e seu cotidiano e pudéssemos continuar apoiando e valorizando os povos da Amazônia. Conheça a Conexão Baré!

Imagem da entrada da comunidade, sob a perspectiva de quem olha de dentro dela, com algumas árvores e o rio. Ao fundo, o pôr do sol reflete nas águas do rio.
Foto: Luísa Ferreira

Motivação

Mesmo com as viagens presenciais suspensas desde março de 2020, mantivemos o contato com os representantes da aldeia, que vinham compartilhando conosco os desafios surgidos (ou acentuados) pela pandemia. 

Além da dificuldade de acesso à alimentação e serviços de saúde, outro forte impacto foi na economia da aldeia. Com a paralisação do turismo e a diminuição da venda dos artesanatos, as famílias estavam tendo dificuldades em complementar suas rendas.

Com muita reflexão e colaboração, buscamos soluções para apoiá-los e mantermos a Braziliando em operação. Como vocês sabem, somos um negócio de impacto social que tem como missão promover transformações positivas através de experiências autênticas e responsáveis.

Dentre as várias ideias e projetos que emergiram de nossas conversas, decidimos priorizar o desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária (TBC) no formato online, para seguirmos apoiando a comunidade através da geração de renda e da valorização cultural. 

Desta forma, co-criamos com a comunidade a Conexão Baré: uma viagem imersiva, interativa e online que conecta os viajantes da Braziliando com o povo Baré da Amazônia. 

Conexão Baré

Imagem mostra um computador ao centro com a imagem de um comunitário indígena entre algumas árvores da aldeia. Ao fundo do computador há uma janela aberta exibindo as folhas das árvores.

Nesta experiência, o viajante virtual tem a possibilidade de visitar diferentes espaços da aldeia e participar de várias atividades do dia a dia local, para imergir na realidade de uma comunidade ribeirinha amazônica. 

Através dela é possível, por exemplo, descobrir sobre o processo de confecção do artesanato, se encantar com as receitas típicas de dar água na boca, conhecer a biblioteca comunitária e aprender a produzir um grafismo indígena.

Pensando em tornar a Conexão Baré mais próxima de uma experiência de viagem, o participante é teletransportado para a realidade local através de materiais de imersão cultural e conteúdos sobre a vida indígena, cuidadosamente preparados pela equipe da Braziliando junto à comunidade. 

Além disso, sendo realizada através de uma conexão ao vivo, existe a possibilidade de interações em tempo real! Os participantes podem fazer perguntas para os diferentes anfitriões que nos acompanham durante a vivência a fim de conhecer mais sobre a comunidade indígena amazônica e esse estilo de vida tão particular.

Colhendo os frutos: um ano de Conexão Baré

Após um ano realizando a vivência, percebemos que essa semente plantada na pandemia vem dando muitos frutos. A viagem online vem gerando impacto positivo tanto para os comunitários quanto para os viajantes e rompendo barreiras.

Inclusão

Procuramos tornar nossa experiência o mais acessível e inclusiva possível. Já contamos, por exemplo, com a participação de cadeirantes e de pessoas com deficiência visual e auditiva, que vêm contribuindo, através de suas sugestões, para que a vivência se torne mais adaptada. 

Além disso, lançamos o Passaporte Inclusivo buscando possibilitar que pessoas que não tenham condição de arcar com o valor sugerido possam vivenciar essa experiência autêntica e transformadora na Amazônia.

Educação

A Conexão Baré possibilita também levarmos às escolas e universidades um formato de ensino mais dinâmico e conectado com a realidade indígena, possibilitando a quebra de estereótipos e troca de conhecimentos. Já promovemos a experiência para instituições de ensino do Brasil e do exterior, como a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, a Universidade de St. Gallen (Suíça) e a Universidade do Colorado (EUA). 

Inclusive, além de participantes de 16 estados brasileiros, tivemos viajantes de Moçambique, Alemanha, Portugal, França e diversos outros países nas experiências abertas ao público. Quando necessário, essas vivências são realizadas no formato bilíngue. Desta forma, a cultura do povo Baré está sendo disseminada por todo o globo.

Valorização

Falando em cultura, a viagem online tem contribuído para o resgate e fortalecimento cultural na comunidade. Também tem atraído cada vez mais comunitários para o turismo, sejam eles mais jovens, de mais idade, homens ou mulheres.

O pajé, por exemplo, tem compartilhado seus saberes ancestrais com os viajantes, a juventude tem se envolvido nas atividades da Uka (biblioteca da comunidade) e do artesanato, já a anciã tem apresentado seus dons culinários se comunicando inclusive no idioma indígena dos Baré, o Nheengatu.

Ao longo deste ano, foram 15 viagens online realizadas, gerando mais de R$10 mil em renda para a comunidade. Tanto o valor sugerido pela vivência, quanto o faturamento mínimo e a forma de distribuição da renda foram definidos em conjunto com a comunidade, de forma que fosse justo para todos os envolvidos. 

Transformação

O comunitário Joarlison Garrido compartilhou:

“Fazendo uma reflexão, mesmo com todos os desafios da pandemia na saúde, na educação e na economia, eu falo que o Baré estava “on”, porque surgiu a Conexão Baré. Hoje, nós trabalhamos essa iniciativa que a cada dia nos traz mais aprendizado e tem impactado na receita da própria comunidade e ajuda as famílias”. 

Ele conta que a vivência gerou mais reconhecimento para o artesanato local e causou um efeito cascata, incentivando o conhecimento dos artesãos e as vendas.

“É importante compartilhar, é possível fazer o turismo de forma virtual no meio da floresta, desenvolver, inovar e de fato concretizar a sustentabilidade para os povos que vivem na floresta.”

Nossos viajantes também compartilharam um pouco de seus sentimentos após participarem da Conexão Baré.

A Conexão Baré tem um nome realmente apropriado, pois foi uma experiência de muita conexão. […] por mais que a visita tenha sido virtual, me permitiu quase sentir o cheiro da comida e o calor do sol que vinha da comunidade.

Letícia Lopes

Uma viagem muito interessante, uma experiência inesquecível. Uma forma de conhecer outros povos, outras culturas. É interessante perceber como num local tão longínquo há tantas coisas que nos unem.

Ana Paula Pimentel

Surpreendente. Usar tecnologia com tamanha criatividade e sensibilidade foi algo encantador. Não podia imaginar o impacto que isso causaria em mim. […] Momento único.

Cristiane Barroncas

Ficou com vontade de conhecer o povo Baré e embarcar na próxima vivência? Então, preencha aqui a ficha de interesse e receba em primeira mão as informações da próxima viagem online assim que tivermos um novo embarque.

Imagem mostrando o rio, com água escura, e ao fundo a comunidade. Além de algumas construções, é possível ver algumas árvores e o céu azul.
Vista da Comunidade Nova Esperança

Diretrizes do turismo sustentável

Diretrizes do turismo sustentável: entenda!

Frequentemente, quando viajamos, respeitamos um regulamento sem realmente entender a sua origem e as razões de sua existência. Algumas regras podem parecer triviais, mas são responsáveis por garantir o respeito e a sustentabilidade, que há muito estão ameaçados. Essas precauções são ainda mais importantes em visitas a comunidades tradicionais, como a indígena e ribeirinha que recebe os viajantes da BraziliandoConfira a seguir 7 diretrizes do turismo sustentável e comunitário, explicadas e dissecadas, para que não sejam mais desprezadas!

1. Não interaja com animais silvestres 🐍🐊🦥

Para uma viagem ser sustentável, é necessário que possa se reproduzir ao longo do tempo sem afetar o ecossistema em que é realizada. Uma viagem responsável exige a responsabilidade do operador turístico, que não deve envolver o viajante em atividades prejudiciais à natureza, e também do viajante, que deve se privar de alimentar ou acariciar animais, por exemplo.

2. Valorize a produção local 🇧🇷

Prefira adquirir suas lembranças de viagem diretamente de artesãos locais. Desta forma, não só você parte com uma recordação única, especial e cheia de significado, mas também ajuda a comunidade, mantendo viva a sua arte e fortalecendo sua economia.

Artesanato
Artesanato da aldeia Baré parceira da Braziliando. Foto por Nathália Segato.

3. Não faça uso de álcool, cigarro e outros intoxicantes 🚭

Entorpecentes podem interferir na sua experiência e prejudicar a comunidade, uma vez que atos inconscientes podem gerar acidentes e consequências indesejadas. Além disso, as drogas podem ter um impacto negativo e um efeito de longo prazo, gerando vícios e maus comportamentos entre os comunitários.

4. Opte por viagens mais longas e viaje em pequenos grupos 🛤️

É preciso tempo para se conectar com as pessoas, conhecer de verdade o destino e mergulhar em uma nova realidade. Portanto, para ter uma vivência autêntica, se planeje para uma viagem com tempo suficiente para uma real imersão. Além disso, prefira viajar em pequenos grupos para garantir uma maior conexão com outros viajantes e com os anfitriões. Essa atitude também ajuda a mitigar os impactos negativos do turismo de massa.

5. Peça permissão antes de bater fotos 📸📸📸

Se coloque no lugar do outro! Provavelmente você se sentiria mais confortável dando seu consentimento antes de ser fotografado e preferiria conhecer a pessoa por trás da câmera e saber o que pretende fazer com a foto antes de dar sua permissão, certo? Por isso, além de sempre pedir autorização (seja para um adulto ou para os pais das crianças), aproveite a oportunidade para se apresentar e conhecer melhor a pessoa que quer retratar.

6. Vista-se apropriadamente 👚

Entenda como as pessoas costumam se vestir no destino para não desrespeitar os costumes locais e criar barreiras e conflitos. Se estiver se aventurando na floresta, por exemplo, primeiramente opte por praticidade em vez de estilo. Além disso, tenha em mente que a simplicidade é uma marca de respeito e humildade.

Cristiano, morador da comunidade, conduzindo viajantes na trilha pela floresta. Foto por Nathália Segato.

7. Respeite a cultura e as tradições locais 🌚🌝

Sabendo que as necessidades e o estilo de vida são diferentes, esteja disposto a adotar o modo de vida local, mesmo que isso signifique se privar de coisas que fazem parte da sua sociedade. Além disso, evite comparações diretas ou indiretas entre as duas sociedades. Se gabar do seu estilo de vida pode gerar inveja e frustração. Da mesma forma, elogiar excessivamente a vida dos habitantes locais pode ser reducionista e desconsiderar os problemas e desafios sociais inerentes à região.

Aí estão algumas diretrizes do turismo sustentável e informações que podem ajudá-lo a entender melhor o porquê de alguns códigos de conduta! 

De um modo geral, o turismo comunitário e sustentável visa a criar uma experiência autêntica, diferente das formas tradicionais do turismo de massa. Não mais turistas, mas viajantes, aqueles que procuram uma experiência como a da Braziliando entendem a importância de se afastar do etnocentrismo

Afinal, preferimos viajar de mente e coração abertos rumo ao diferente e ao desconhecido!