Seca na Amazônia: consequências da estiagem e como apoiar os povos da floresta

A Amazônia vive um período histórico: uma seca severa vem diminuindo drasticamente o volume dos rios e afetando diversas vidas. Desta forma, comunidades ribeirinhas estão isoladas e até sem abastecimento, animais e as plantas da floresta vem sofrendo com a falta de água e moradores perderam suas fontes de renda.

Inclusive, na aldeia indígena parceira, o turismo foi uma das atividades suspensas por tempo indeterminado. Contudo, para continuar apoiando a comunidade, vamos realizar uma edição inédita da Conexão Baré – vivência online da Braziliando com o povo Baré da Amazônia.

Seca: uma realidade conhecida na Amazônia

A seca na Amazônia não é nenhuma novidade para a população. Todos os anos, entre julho e novembro, acontece o verão amazônico, um período onde há uma diminuição das chuvas e um aumento das temperaturas. Portanto, além de demandar que os moradores locais se adaptem às mudanças no cenário da floresta, a seca também exige um estado maior de atenção para alguns problemas, como as queimadas.

Para quem viaja pra Amazônia, o verão amazônico não costuma ser um impeditivo para experienciar a floresta. Inclusive, é no período de seca que as praias de água doce aparecem e viajantes podem aproveitar os dias ensolarados e com pouca chuva para se refrescarem nos rios. Para moradores, a seca também contribui para a fartura na mesa, com o aumento da oferta de peixes, por exemplo.

Seca histórica na Amazônia

Contudo, neste ano, esse cenário se intensificou drasticamente. A estiagem foi muito mais severa e, nas últimas semanas, os níveis dos rios vêm diminuindo cada vez mais e as temperaturas estão batendo recordes. O aquecimento global pode ser uma das principais causas somado com o fenômeno El Niño, o que você pode entender melhor neste artigo da WWF.

As consequências foram rios atingindo novos patamares de seca – o Rio Amazonas chegou a 90cm em alguns pontos – e alterando a rotina de diversas comunidades, deixando milhares de famílias vulneráveis. A fauna amazônica também vem sofrendo com a situação e mais de 150 botos já morreram em um período muito curto.

De uma forma geral, os amazônidas têm outro tipo de relação com o rio. Nos centros urbanos do sul e sudeste, por exemplo, é comum não vê-los pela cidade. Canalizados ou poluídos, os rios não fazem parte do cotidiano dos moradores. Mas na Amazônia isso é diferente, como bem lembra o poeta Thiago de Mello.

“A lei do rio não cessa nunca de impor-se sobre a vida dos homens. É o império da água. Água que corre, água que leva e lava, água que se despenca em cachoeira, água que roda no rebojo, água que vai e volta em repiquete, água parada no silêncio do igapó. Água funda, água rasa onde os barcos encalham. Água negra do Andirá e do Negro. Água barrenta do Solimões, do Madeira, do Purus. As águas claras e verdes do Tapajós, do Xingu. É o Amazonas e o seu ciclo das águas. [..] O regime das águas é um elemento constante no cál­culo da vida do homem.” Amazônia – Pátria das águas, de Thiago de Mello.

A vida na aldeia durante a seca

Na aldeia dos nossos parceiros Baré, a estiagem alterou a rotina dos comunitários. Na escola indígena, as aulas presenciais foram suspensas e substituídas por aulas online, por causa da dificuldade na travessia de professores da capital manauara e da oferta da merenda para estudantes.

A venda do artesanato também foi afetada pela vazante. Está faltando matéria-prima para produção de algumas biojoias e está bem mais difícil ir até Manaus vender as peças, o que também tem impactado a renda dos artesãos.

A travessia de barco ficou mais longa e cansativa. Percursos foram alterados e os recreios precisam procurar os canais com maiores volumes de água, gastando mais combustível. Por isso, a passagem ficou mais cara.

O turismo na aldeia também sofreu os impactos da seca. Seguindo a recomendação da comunidade, a Braziliando suspendeu as vivências presenciais. O povo Baré, assim como outros ribeirinhos, está evitando a ida pra cidade e tem buscado formas de lidar com os desafios desse período.

Conexão Baré – Seca Amazônica

Para continuar apoiando nossos parceiros, no dia 11/11 vamos realizar uma edição inédita da vivência online Conexão Baré. Pra quem ainda não conhece essa experiência pioneira e vencedora de prêmios do turismo responsável, através de uma videochamadas nos conectamos com indígenas da etnia Baré para viver uma imersão em sua cultura e vivenciar atividades que fazem parte do seu cotidiano, como o artesanato, a culinária, o projeto de conservação das tartarugas amazônicas e o grafismo.

A Conexão Baré Seca Amazônica além de permitir esse mergulho no modo de vida originário, também será uma forma de ouvirmos – dos povos locais – os desafios trazidos pela seca. Com a vivência, seguimos com nossa missão de apoiar a comunidade, gerando renda e valorizando a cultura tradicional. Portanto, a Conexão Baré pode ser um caminho para um novo olhar para os povos indígenas e pode ser uma corrente(za) de transformações positivas. Aqui você descobre o impacto da vivência online.

Vem com a gente! As inscrições vão até o dia 07/11 e você ainda pode contribuir doando qualquer valor!

O que as indígenas Baré nos ensinam sobre a Amazônia

No dia 05 de setembro comemoramos duas datas muito importantes: o Dia da Amazônia e o Dia Internacional das Mulheres Indígenas. Muito se fala da reciprocidade, do respeito e afeto entre as protetoras e a floresta, mas as mulheres indígenas também são exemplos de criatividade, ancestralidade, ciência, poesia e solidariedade. Pra homenagear as mulheres indígenas do mundo, decidimos falar sobre nossas parceiras do povo Baré, que contam um pouco sobre a Amazônia através de suas vivências.

Amazônia: substantivo feminino

A maior floresta tropical do mundo abriga uma diversidade tão significativa quanto sua dimensão. Ocupando 60% do território brasileiro, a floresta é tão cheia de vida que uma nova espécie é encontrada quase todo dia. Cerca de 10% das espécies de plantas e animais conhecidos no mundo estão na Amazônia, fora a grande quantidade de espécies que ainda nem foram catalogadas.

As mulheres são maioria em toda a Amazônia Legal. Responsáveis pelo trabalho de cuidado – da família, do território, da biodiversidade e dos saberes tradicionais – elas apoiam na conservação da floresta, através da preservação das sementes e da grande variedade de espécies alimentícias e medicinais cultivadas.

Na aldeia onde vive o povo Baré, as mulheres são protagonistas de vários projetos que acontecem na comunidade. Na coordenação do turismo e das vivências da Braziliando, nos projetos de conservação da biodiversidade, liderando atividades e protegendo saberes ancestrais. Vem com a gente conhecer algumas delas!

Mulheres Indígenas Baré

Dona Ugulina

A anciã da comunidade é uma mulher forte, sábia e sorridente. Parteira da aldeia, carrega os ensinamentos da mãe e de tantas outras mulheres indígenas que a antecederam para realizar esse lindo ofício. Mãe de 10 filhos, avó e bisavó, ela viveu a experiência de três partos sozinha na aldeia. Mulher de coragem, que aos 70 anos esbanja disposição para ensinar e aprender, participando de duas das vivências online da Braziliando: a Conexão Baré e a Conexão Baré (Re)Nascimento.

Aos 19 anos, a Kunhã suri (mulher alegre em Nheengatu), viu a mãe realizar o parto do neto e já sentiu que conseguiria seguir seus passos. Depois fez 5 cursos fora da aldeia para aperfeiçoar a arte do partejar e ajudar as mulheres da região. Difícil mesmo é contar o número de partos que ela já fez em todos esses anos! Dona Ugulina confessa que já perdeu a conta.

Na última vivência online, a anciã recebeu uma pergunta sobre como orientar uma parturiente que tem medo do momento da chegada do bebê. Ela disse “a gente tem que ser mulher”, uma resposta simples para quem entende há muito tempo que resiliência e força, além de substantivos femininos, são qualidades das mulheres.

Rosy

Filha da Dona Ugulina e mãe de 6 filhos, Rosimeire é uma das coordenadoras do turismo na comunidade. Rosy é sinônimo de determinação e dedicação. Abraçando diversos projetos e com muita vontade de aprender, ela também é agente ambiental e coordena de forma voluntária o projeto de monitoramento de quelônios na comunidade.

Voltado para a conservação das tartarugas amazônicas, esse trabalho exige um cuidado especial durante alguns meses do ano, como coletar os ovos, observar os filhotes e depois soltá-los novamente na natureza. A Rosy representa a calma da floresta, ela sabe da importância de esperar (e respeitar) o tempo da natureza, de observar cada detalhe com atenção, pois a Amazônia é surpreendente!

Rosy também contribui para a união da ciência com os saberes tradicionais, ambos como conhecimentos fundamentais para a sustentabilidade e para a vida na floresta. Você descobre mais sobre o seu trabalho, o projeto de conservação e as tartarugas amazônicas na vivência online Conexão Baré Quelônios.

Gessiane (Paty)

Paty é hospitalidade. A anfitriã da vivência Amazônia Baré recebe em sua casa/pousada familiar viajantes de vários lugares do mundo e de culturas diferentes. Ela é, talvez, a dose mais presente da cultura Baré na vida de quem embarca nessa experiência amazônica.

Como a floresta, ela abriga e acolhe. Faz de seu lar, o lar de outras pessoas, mesmo que apenas por alguns dias. Como o rio, sua morada é leito para pessoas que buscam mergulhar em um novo mundo. A mãe da Helloyze acaba arrumando várias “crias temporárias” quando recebe viajantes e compartilha um pouco de todo esse afeto com essas pessoas.

Também faz parte da coordenação do turismo na comunidade, administra a pousada familiar e está prestes a iniciar um novo ciclo: a universidade.

Juliana

A Ju, que já foi anfitriã da Amazônia Baré, hoje é uma das responsáveis pela alimentação de quem embarca na vivência. Traduzindo a biodiversidade amazônica na mesa, Ju alimenta corpo e alma de viajantes. Os ingredientes amazônicos são ricos em nutrientes e em histórias, carregam tradições e modos particulares de preparo que vão além do prato.

Na vivência, ela também realiza a oficina de artesanato, ensinando a arte de confecção das biojóias. As peças, que por si só já trazem as cores e formas da floresta, juntas contam novas histórias e levam a Amazônia para outras cidades e até países.

Ju transforma o que a floresta tem de melhor pra oferecer em pratos e peças maravilhosos. É a materialização de toda a beleza que a floresta guarda em saberes, sabores e arte.

Para todas as mulheres indígenas, dentro e fora da floresta

Por aqui o sentimento é de gratidão a todas as nossas parceiras indígenas do povo Baré, que vêm trilhando o caminho do turismo sustentável com a gente. Mas celebrar o Dia Internacional da Mulher Indígena nos convida a sair da comunidade e até a sair da Amazônia, porque elas estão espalhadas por todo Brasil e pelo mundo.

Ocupando diversos espaços, essas mulheres são referência para tantas outras jovens indígenas e são inspiração para toda sociedade. Na política, como Sonia Guajajara e Célia Xakriabá; na moda, como Dayana Molina e We’e’ena Tikuna; na literatura, como Eliane Potiguara e Márcia Kambeba; nas artes, como Arissana Pataxó e Katú Mirim. Juntas elas promovem mudanças e trazem seus saberes ancestrais pro presente, cientes de que estão ajudando a construir um futuro melhor.

Participe de uma das vivências da Braziliando e conheça a Amazônia com as pessoas que ajudam a cuidar da floresta.

Orgulho

Semana do Orgulho – Ser livre pra amar, viajar e existir

No dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Aqui na Braziliando, a diversidade e a inclusão são alguns dos nossos pilares e acreditamos que promover encontros autênticos entre pessoas de realidades e vivências diferentes pode ser uma forma de valorizarmos as diferenças e quebrarmos estereótipos. Vem com a gente na Semana do Orgulho Braziliando!

Orgulho e Diversidade

Você não precisa saber o significado de cada letra da sigla LGBTQIAPN+ pra entender que elas falam sobre diversidade, mas conhecê-las pode trazer mais conhecimento e compreensão.

Elas representam variadas formas de expressar seus afetos, sua identidade e seu corpo.

Clique na imagem e confira seus significados no nosso post!

Essas letras, juntas, representam uma resposta ao silêncio e à violência. Colocadas, lado a lado, elas se somam ainda que o sinal de adição fique no final.

Celebrar a diversidade e inclusão significa lutar para que cada uma dessas existências seja amada e respeitada! Por isso, a Braziliando segue em mais uma campanha de conscientização e valorização de vivências que são constantemente minorizadas.

Lésbicas e gays, pessoas trans e queer, e todo o leque de identidades e sexualidades que o “mais” reforça, merecem uma vida livre de preconceitos, violências e discriminações. A comunidade LGBTQIAPN+ luta por seus direitos de amar, existir, ocupar espaços e viajar.

Viagens responsáveis e autênticas: uma via de transformação

As viagens são uma ótima forma de nos conectarmos com realidades diferentes e ampliarmos nossos referenciais culturais. Quando nos relacionamos com pessoas de outros contextos, de forma autêntica e respeitosa, podemos mudar nossa visão de mundo e rever preconceitos.

Os povos indígenas e a comunidade LGBTQIAPN+, por exemplo, carregam muitos desses prejulgamentos que são reforçados por imagens estereotipadas dessas pessoas. Quantas pessoas ignoram ou desconhecem a existência de indígenas LGBTQIAPN+? Será que viajantes LGBTQIAPN+ consideram comunidades tradicionais como opções de destino para suas viagens? Você considera a diversidade oposta à ancestralidade? Você sabia que há sinais de diversidade sexual no Brasil pré-colonial?

Ver listas de lugares para pessoas LGBTQIAPN+ evitarem viajar ou mesmo ler relatos de pessoas da comunidade que foram discriminadas durante sua viagem é algo que pode impedir muitas pessoas LGBTQIAPN+ de viajarem. Somado a outras questões, como o racismo e o machismo, viajantes podem acabar desistindo de conhecer um destino ou mesmo escondendo sua identidade ou orientação.

Os relatos de nossos viajantes LGBTQIAPN+ da vivência Amazônia Baré mostram que a floresta pode abraçar toda a diversidade que procura abrigo debaixo de suas árvores e no leito de seus rios. O povo Baré, que representa esse acolhimento amazônico, encheu os corações dos casais homossexuais Eduardo e Rodrigo e Nathalia e Amanda de alegria.

Amazônia Baré: acolhimento da floresta e seus protetores

Rodrigo e Eduardo

Rodrigo e Edu em sua vivência na Amazônia

Eduardo e Rodrigo estão juntos há 10 anos e, apesar de já terem viajado outras vezes, participar da Amazônia Baré foi a primeira imersão em uma comunidade tradicional.

Rodrigo compartilhou que o casal já tinha uma certa segurança em viver essa experiência pelo acolhimento da nossa equipe. “Desde o início a gente se sentiu acolhido. Vocês sabiam que a gente ia estar juntos e em nenhum momento isso foi tratado de forma desrespeitosa. Em nenhum momento estarmos lá dentro foi colocado como um problema”, ele compartilhou.

Lá na comunidade, esse sentimento foi reforçado pelo acolhimento da anfitriã na comunidade indígena, Paty. “Em nenhum momento a gente se sentiu constrangido com o povo Baré. Em todo momento a gente estava junto com as pessoas e as pessoas junto com a gente […]”, ele afirmou.

O médico recifense compartilhou ainda que encontrar pessoas LGBTQIAPN+ nos lugares que visitam passa uma segurança maior. Durante a visita à Reserva Mamirauá, por exemplo, o casal foi conduzido por um guia gay, o que os deixou mais tranquilos. “Encontrar os iguais nos lugares, qualquer que a gente esteja, deixa a gente mais seguro”.

Amanda e Nathália

Amanda e Nath navegando pelo rio de canoa

Pra Amanda e Nathália também foi a primeira vez realizando uma viagem de turismo de base comunitária e em uma comunidade tradicional como casal. A viagem, realizada em 2019, foi uma comemoração de 1 ano de namoro.

Apesar da data especial, as duas decidiram viver a imersão de forma discreta, como amigas. Como Nath relatou, o medo inicial era de viajarem sozinhas. “Além da questão de gênero, tem essa questão da sexualidade também.”, ela relatou.

Mesmo com essa preocupação, a fotógrafa mineira compartilhou que a experiência não teve nenhuma situação desagradável ou de preconceito. “Fomos super bem recebidas e super bem acolhidas”, ela compartilhou.

Orgulho e ancestralidade: roda de conversa com o povo Baré

Na semana passada, realizamos uma roda de conversa para conscientizar comunitárias e comunitários que estão envolvidos com o turismo buscando garantir uma recepção inclusiva e respeitosa a todas as pessoas que embarcam nas vivências através da Braziliando.

A conversa foi organizada e conduzida pelo Lucas Oliveira, da equipe Braziliando, que é um homem gay e já conhece boa parte das pessoas da comunidade. Uma de nossas preocupações era trazer esse conteúdo de uma forma leve e próxima da realidade do povo Baré, por isso, usamos alguns paralelos, como a noção de comunidade Baré e comunidade LGBTQIAPN+, o Nheengatu (idioma usado pelos Baré), a vestimenta tradicional dos indígenas, entre outros.

Ali, compartilhando o computador ou pelo celular em cada uma de suas casas, as pessoas envolvidas com as atividades da vivência Amazônia Baré puderam conhecer alguns cuidados essenciais na hora de receber viajantes LGBTQIAPN+.

A conversa trouxe algumas palavras e expressões que devem ser eliminadas e contou um pouco sobre essas diversas vivências e as necessidades particulares de cada uma delas.

Pra sentir o calor amazônico

Neste mês, em homenagem ao Dia do Orgulho e ao Dia dos Namorados, criamos uma promoção especial para casais de todas as orientações, gêneros e cores. Reservando a Amazônia Baré para você e para a pessoa amada, vocês garantem 10% de desconto no valor da vivência por viajante.

Já pensou em vocês curtindo um pôr do sol navegando de canoa pelo rio, provando os sabores amazônicos, aprendendo sobre o modo de vida indígena, apreciando a beleza da floresta? Entre em contato com a gente através do e-mail: discover@braziliando.com ou preencha o formulário de interesse na página da Amazônia Baré.

Marco temporal: o Brasil é terra indígena

Qual a importância das Terras Indígenas? Como o PL 490 (ou PL do Marco Temporal) pode impactar a vida dos povos originários e o meio ambiente como um todo? Vem com a gente na Semana do Meio Ambiente da Braziliando pra entender essas questões!

O Brasil é terra indígena

Dentre as poucas coisas que aprendemos sobre os povos originários na escola, um fato é incontestável: indígenas, de diversas etnias, já ocupavam o território brasileiro antes da chegada (ou invasão) dos europeus.

Estima-se que 3,5 milhões de indígenas viviam no nosso país antes de 1500. Esse número foi reduzido drasticamente com o passar dos anos e seu território também. Se antes tinham todo o Brasil, hoje a população indígena possui cerca de 13% dessa área para viver.

Entrada da comunidade
Fotógrafa: Nathália Segato

Pra falar de tempo precisamos falar dos mais de 5 séculos de violência contra os povos originários em relação aos pouco mais de 60 anos da primeira terra indígena reconhecida legalmente, da Constituição de 88, que reconheceu os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, e dos 40 anos do primeiro indígena eleito no Brasil.

Portanto, o tempo não é o mesmo para as populações originárias. Apesar de resistirem por mais de 500 anos contra as diversas violências que enfrentam, suas conquistas políticas são recentes.

Um marco temporal importante sobre os povos indígenas brasileiros: são 40 mil anos vivendo nesse país.

Terra: uma questão de perspectiva

Fotógrafa: Nathália Segato

Já parou pra pensar nos vários significados e interpretações dessa palavra? Se escrevemos o “T” maiúsculo, podemos falar do nosso planeta, mas podemos também nos referir a apenas um grão. Da mesma forma, a noção de terra pode mudar dependendo de fatores sociais, culturais e econômicos.

Para os povos indígenas, por exemplo, o vínculo com a terra faz parte de suas identidades. É uma conexão sagrada. Algumas etnias acreditam em deuses ligados a elementos da natureza, outras que a natureza é o lugar de descanso dos antepassados. Contudo, de uma forma geral, os povos originários entendem que a natureza é intrínseca à suas vidas.

Da água que mata a sede e irriga a plantação, das plantas que cuidam da saúde e nutrem o corpo, o rio que refresca e lava a alma, a terra que abriga e guarda histórias. Portanto, a demarcação das Terras Indígenas protege esses territórios de possíveis invasões e ocupações de não-índígenas, mas também protege suas culturas, tradições e modos de vida.

A terra também abriga um valor econômico. Para agricultores, pecuaristas, mineradoras, garimpeiros e empreiteiras as terras são oportunidade de negócios. Porém, o problema é que geralmente suas chegadas são acompanhadas de desmatamento, inundações, poluição, extinção de espécies, entre outras mazelas.

Como esses processos são, muitas vezes, irreversíveis, é necessário procurar um lugar “intacto” para seguir com as atividades. Diversas terras indígenas, por exemplo, já estão no radar de mineradoras sob o falso argumento de serem territórios que comprometem a produtividade agropecuária, que ocupa 41% do território brasileiro.

Vale a pena ler essa carta de um indígena norte-americano para o presidente dos EUA após receber uma proposta de compra das terras de seu povo.

PL 490 – o PL do Marco Temporal

O Projeto de Lei PL 490/2007 defende que só podem ser demarcadas as terras indígenas que eram tradicionalmente ocupadas ou que já estavam em disputa judicial na data da promulgação da Constituição de 1988.

O projeto impede a ampliação de terras indígenas já existentes e visa liberar o que hoje é proibido: atividade agropecuária e extrativa, garimpo e grandes empreendimentos, como estradas e hidrelétricas. O projeto ainda autoriza o cultivo de transgênicos em Terras Indígenas, o que é proibido. Confira mais sobre o impacto do PL.

As Terras Indígenas são uma forma de (tentar) reparar o que historicamente tanto se negou a essa população: sua moradia, sua cultura, sua subsistência. O atraso na garantia de seus direitos não deve justificar uma nova retirada de seus territórios e a ameaça de suas vidas.

Além disso, elas são as mais eficazes para manutenção dos estoques de carbono, ajudando a regular o clima e evitar que o aquecimento da Terra seja ainda mais intenso. Elas também contribuem para a conservação da biodiversidade, já que 29% do território ao redor das terras indígenas está desmatado, enquanto dentro delas o desmatamento é de apenas 2%.

Aqui você confere como funciona o processo legislativo e nessa reportagem do Estadão entender mais sobre o tema.

Mudando visões de mundo

No site da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) você confere algumas formas de ajudar. A Apib é uma instância de referência nacional do movimento indígena no Brasil.

De uma forma geral é preciso quebrar estereótipos e conhecer verdadeiramente os povos indígenas brasileiros. Nós acreditamos que através do turismo responsável podemos mudar visões de mundo e promover encontros transformadores.

Através da vivência online Conexão Baré, por exemplo, já promovemos um diálogo entre o saber tradicional e o saber científico, levando o conhecimento do povo Baré sobre sustentabilidade, conservação e empreendedorismo para instituições de ensino.

Conhecendo a realidade local, seus desafios e suas formas de vida podemos desconstruir paradigmas e preconceitos, além de contribuir com o fortalecimento cultural.

Ideias de Presentes Criativos para o Dia das Mães

O Dia das Mães está chegando e, se você está buscando inspiração de presentes criativos para a sua, fique de olho nas ideias que vamos trazer por aqui! Que tal usar essa data tão importante para escolher presentes significativos e sustentáveis?

O Dia das Mães é uma data muito importante. Para muitas famílias, o segundo domingo de maio é um dia de confraternização, encontros e presentes. Estes últimos fazem parte do ritual de celebração dessa data e no ano passado, por exemplo, a semana que antecedeu o Dia das Mães movimentou mais de 5 bilhões de reais nos shoppings de todo o país.

Já que os presente fazem parte desse dia, que tal usá-los para gerar impacto e transformações positivas? Vem conferir algumas dicas de presentes criativos, diferentes e sustentáveis para tornar o Dia das Mães ainda mais especial!

Presente para todas as mães

A vivência online Conexão Baré (Re)Nascimento é uma ideia de presente para uma diversidade de mães!

✅Para as que têm interesse em conhecer novas culturas, mas têm medo de viajar de avião.
✅Mães que têm curiosidade em conhecer povos indígenas da Amazônia, mas não querem imergir na mata.
✅Para mães que possuem mobilidade reduzida ou algum tipo de deficiência que a dificulta ou impossibilita de realizar uma viagem presencial para a floresta.
✅ Mães que moram longe de seus filhos.

Na vivência você confere os cuidados na gestação, no parto e no início do maternar em uma aldeia amazônica. Através da participação da anciã e parteira da comunidade, você escuta os relatos de quem cultiva a experiência de dezenas de partos e a sabedoria de quem cuida, guia e aconselha as gestantes.

Com o pajé, você conhece os rituais e amuletos de proteção, a medicina da floresta e os saberes ancestrais ligados ao nascimento. Ele vai compartilhar um pouco do seu papel na trajetória das mães indígenas e os ritos relacionados aos bebês.

Então, se sua mãe é curiosa, tem interesse em aprender com diferentes culturas, quer conhecer novas pessoas e busca novas visões de mundo, a Conexão Baré (Re)Nascimento é um ótimo presente para ela! Na vivência online ela também vai conhecer mães indígenas e ouvir seus relatos sobre suas experiências de parto na aldeia e na cidade.

Presente para futuras mamães

Entre os dias 08 a 11/06, o Voo do Beija Flor e o Yoga Materna vão promover uma viagem para casais grávidos em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. A vivência “Tu Vens” pretende preparar os casais para receberem seus bebês, promover diálogos para fortalecer suas relações e iniciar a jornada parental.

Em uma pousada ecológica no meio da Mata Atlântica, um time muito especial vai promover conversas e propor reflexões para desconstruir crenças e conectar os casais:

  • Adriana Rennó, pedagoga e educadora parental; Joaquim Ferreira, constelador familiar;
  • Marina Morena, instrutora de yoga para gestantes, mães e bebês e doula, vão trazer seus aprendizados enquanto profissionais e genitores.

O casal vai participar de rodas de conversa, aula de yoga em dupla, oficinas de comunicação não violenta e de bases da educação respeitosa, preparação para o parto, amamentação e puerpério. A programação também vai contar com a vivência online Conexão Baré (Re)Nascimento, realizada de forma virtual e dias antes da viagem.

Presente para mães “zen”

As velas da Urucuna são elaboradas com óleo essencial de Breu Branco, resina sagrada da floresta que equilibra as emoções e traz organização de pensamentos. A manteiga de Tucumã também é um dos ingredientes da vela e vem de uma fruta típica amazônica, rica em propriedades anti-inflamatórias.

Dessa forma, se sua mãe gosta de boas energias e tem o hábito de acender velas para meditar ou para deixar a casa cheirosa, essas velinhas são uma ótima sugestão de presente. A vela tem o selo “Origens Brasil” pois é um produto que valoriza a floresta em pé e os povos que vivem dela. Uma jóia da Amazônia na sua casa!

A Urucuna é um negócio de bem-estar para casa que tem como objetivo agregar valor aos produtos da sociobiodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais, respeitando o modo de vida e o conhecimento tradicional.

Presente pra mãe que gosta de yoga

A Vivência DeRose na Amazônia é uma uma imersão de 5 dias em uma comunidade ribeirinha na floresta amazônica com atividades de meditação, Mindfulness e técnicas respiratórias e corporais, promovidas pelo DeRose Method.

Sua mãe busca autoconhecimento, imersão em novas realidades e conexão com a natureza? Então ela poderá integrar um grupo de viajantes e se hospedar em uma comunidade ribeirinha.

Juntos vão provar os sabores locais, realizar atividades de aventura e culturais e ouvir as histórias de vida de quem nasceu e cresceu na floresta.

A vivência acontecerá de 01 a 05 de agosto de 2023, portanto, não demore para inscrevê-la!

Presente pra mãe viajante

Na vivência Amazônia Baré sua mãe se hospedará em uma aldeia indígena, rodeada pela floresta e pelo rio. Em conexão com os moradores locais, indígenas da etnia Baré, quem embarca na vivência poderá aprender sobre os costumes, a culinária, o artesanato e o modo de vida local.

Portanto, sua mãe poderá realizar atividades de imersão, como canoagem, trilha na mata e oficina de artesanato, e partilhar momentos de aprendizado, em uma conversa com o pajé ou uma prosa na casa de farinha.

Se fazendo presente!

Nas experiências online e presenciais da Braziliando, você pode embarcar junto com sua mãe e viver um momento de conexão e partilha entre vocês.

Gostou das nossas dicas? Então já manda esse artigo para mais pessoas e vamos promover um Dia das Mães com presentes mais responsáveis e transformadores!

Entrada da comunidade

Dia dos Povos Indígenas: que tal descobrir o preconceito do “Dia do Índio”?

Na Semana Indígena Braziliando vamos falar sobre a importância do Dia dos Povos Indígenas e de como podemos ressignificar essa data, trazendo debates, informações e experiências conectados à realidade indígena e que valorizem a diversidade sociocultural dos povos originários. (Re)Descubra o “Dia do Índio” e vem com a Braziliando apoiar comunidades tradicionais.

“Índio”: uma visão de preconceito

“Pessoa de cabelos lisos, pele morena, que mora na floresta e usa penas e pinturas corporais pelo corpo nu. Falante de uma língua estranha e dona de uma cultura exótica. Caçadores, selvagens e incivilizados”.

Esse é o imaginário de muitas pessoas quando falamos sobre os povos indígenas. A imagem do “índio” ainda hoje está presente nas escolas, na mídia e na cultura não-indígena. Nos livros de Geografia, por exemplo, há generalizações e uma ausência da questão indígena atual.

E qual o problema do “índio”? Esse termo surgiu com a chegada dos colonizadores na América e seu primeiro contato com os povos originários, através de um olhar cheio de preconceito e desinformação. Esse termo não deve ser usado para se referir aos povos indígenas e, desde julho do ano passado, há uma lei que altera o nome do “Dia do Índio”. Pra resumir, podemos citar a fala do escritor, professor e ativista indígena, Daniel Munduruku.

“Eu não sou índio e não existem índios no Brasil. Essa palavra não diz o que eu sou, diz o que as pessoas acham que eu sou. Essa palavra não revela minha identidade, revela a imagem que as pessoas têm e que muitas vezes é negativa”.

Daniel Munduruku

Além do uso desse termo, expressões populares, como “programa de índio” ou “índio é preguiçoso”, também reforçam o preconceito contra os povos originários e ajudam a fortalecer esse imaginário reducionista do que realmente são suas culturas.

Confira aqui outras expressões para não usar.

Povos Indígenas

Um país tão extenso quanto o nosso, tão diverso e com diferentes contextos, reflete sua pluralidade em seu povo. Se é difícil definirmos uma identidade brasileira, por que fazemos isso com os povos indígenas?

São mais de 1,4 milhão de indígenas, presentes nas 5 regiões do país e de mais de 300 etnias. São centenas de povos, com culturas, línguas e contextos diferentes, vivendo em aldeias e nas áreas urbanas, em toda parte do nosso território. No sul do país, por exemplo, vivem os Kaingang – um dos cinco povos indígenas mais populosos no Brasil.

De norte a sul, cada povo tem necessidades específicas e acabam encontrando em seu meio formas de resistir. Seja na arte, nos movimentos sociais, nas universidades, na literatura, na música ou na moda. Juntos lutam pela defesa de seus direitos, buscando uma sociedade mais inclusiva, diversa e tolerante.

Aqui no blog já mostramos algumas personalidades indígenas LGBTQIAP+ que estão usando a arte e as redes sociais para transformar a sociedade e manter a cultura ancestral pulsando.

A cultura brasileira é indígena. Nossa alimentação, nosso vocabulário, nossa música, nossa medicina e muitas outras áreas da nossa vida tiveram os saberes dos povos originários como inspiração e referência.

Que tal conferir o documentário “Diálogo entre dois mundos”? A série documental de 7 episódios mostra o encontro entre o historiador e fotógrafo, Cadu de Castro, com o Nhanderuí (líder espiritual), Egino Chaapeí, sobre os hábitos, as relações simbólicas e a religiosidade do povo Guarani.

Valorizando a cultura indígena através da conexão

Uma forma de mudar sua visão sobre os povos originários e descolonizar seu pensamento é buscar mais conhecimento. Amplie suas referências indígenas na literatura, na moda, na música, nas artes plásticas, etc. Procure experiências onde o saber e a cultura indígena sejam valorizados.

A Conexão Baré, por exemplo, visa contribuir com a valorização cultural apoiando o povo Baré na preservação da memória ancestral e fortalecendo o sentimento de orgulho e pertencimento. Na edição especial (Re)Nascimento, vamos ouvir a anciã da comunidade e o pajé compartilharem suas histórias e saberes sobre a gestação, o parto e o puerpério.

Pessoas de muita habilidade, fé e sinergia com a Mãe-Natureza. Fontes de saberes que perpassam gerações e guias da mente, do corpo e da alma. Em conjunto, compartilham um pouco do que já viram e viveram, nos inspirando e ensinando sobre o “nascer Baré”.

Escute os relatos de mães sobre suas experiências na aldeia e na cidade, conheça alguns ritos de proteção e cuidado com bebês, entenda como as plantas da floresta são usadas na promoção da saúde, faça perguntas e descubra um novo olhar para a vida.

A vivência acontecerá em maio, mês das mães. Saiba mais e inscreva-se aqui.

Que tal descolonizar nossa visão de mundo? Vem com a gente!

United Earth Amazonia Award, o Prêmio Nobel Verde!

A Braziliando conquista mais um importante prêmio de relevância mundial que reconhece nosso trabalho pautado na sustentabilidade. Somos um dos seis projetos vencedores do United Earth Amazonia Award! Baseado nos mesmos valores do Nobel da Paz, o prêmio alinha-se com a missão da família Nobel de unir as pessoas e nações da Terra na construção de nosso futuro coletivo e sustentável Vem conhecer o “Nobel Verde” e conferir como foi a cerimônia!

Foto com comunitários e sócia da Braziliando na entrada do Teatro Amazonas, na cerimônia da premiação.
Da esquerda para direita: Reinaldo, Gessiane, Nailza, Joarlison e Tereza (BRDO). Ao fundo, o Teatro Amazonas, em Manaus.

United Earth Amazonia: sobre o prêmio

Uma iniciativa das instituições United Earth e LCTM BrandBuilders, com o apoio institucional da prefeitura de Manaus e do governo do Estado do Amazonas, o prêmio (inédito) foi lançado em outubro de 2022, como parte das comemorações do aniversário da cidade de Manaus.

A United Earth é uma organização internacional que reconhece e promove a liderança ambiental e a excelência humanitária em todo o mundo. Presidida por Marcus Nobel, descendente de Alfred Nobel (o criador do prêmio Nobel), a United Earth concentra esforços, recursos e programas globais com o objetivo de unir as pessoas e nações da Terra para nosso futuro coletivo e sustentável.

O objetivo do United Earth Amazonia Award é promover, globalmente, o melhor da Amazônia e do Brasil nos segmentos da Arte e da Música e de iniciativas de ESG (responsabilidade ambiental, social e governança), com comprovada relevância e efetividade no suporte à sustentabilidade da floresta e de seus habitantes. Na arte e na música, os critérios de seleção são: a contribuição pública para a conscientização, poder de unificação e relevância da sustentabilidade socioambiental. Saiba mais aqui.

Indicação, auditoria e seleção

Como acontece no Nobel da Paz, não há inscrição aberta para interessados. Portanto, as indicações são feitas por pessoas reconhecidamente comprometidas com a sustentabilidade da floresta e representativas dos vários setores sociais, desde órgãos públicos e academia, até líderes comunitários e influenciadores.

O comitê gestor do prêmio avaliou cada um dos projetos nomeados, em relação ao seu impacto atual e à relevância para a sustentabilidade da Amazônia, sob os aspectos ambientais, de responsabilidade social e de governança, usando os valores da United Earth de Ética e Paz.

A auditoria, realizada pela empresa Ambipar, durou cerca de um mês e foram analisados mais de 80 projetos, distribuídos por toda a Amazônia Legal. Com o objetivo de conhecer a iniciativa mais a fundo e como se dá o processo de gestão do mesmo, foram realizadas duas entrevistas com as sócias da Braziliando, em que elas compartilharam os impactos gerados e os benefícios para a sociedade e para o meio ambiente. Posteriormente, foram enviados diversos documentos comprobatórios para validação do nosso trabalho e impacto socioambiental.

Logo depois, tivemos que esperar a análise de todos os documentos e a deliberação do comitê. A resposta veio através do presidente da United Earth, Marcus Nobel, no vídeo de anúncio da vitória da Braziliando.

O símbolo do Nobel Verde

O troféu é uma obra de arte. E a designer internacional Silvana Borges (LCTM) e o artista plástico Darlan Rosa deram vida à escultura que tem a forma de esfera com seis faces. Cada uma delas representa os 6 pilares da United Earth Amazonia – fauna, flora, ar, água, recursos naturais e humanidade.

Na tarde da cerimônia houve o lançamento da pedra fundamental de uma escultura de 5 metros de diâmetro. A escultura será instalada no complexo turístico da Ponta Negra, em Manaus.

Cerimônia de premiação

No dia 27 de fevereiro, a cerimônia foi realizada no Teatro Amazonas, em Manaus. Juntamente com os 6 projetos vencedores de ESG, foram homenageados os artistas Roberto Carlos e Erasmo Carlos (in memoriam, representado por seu filho Leo Esteves) por suas canções que há mais de 50 anos promovem a proteção ambiental, o amor entre as pessoas e o respeito a todas as criaturas.

Junto à Tereza, sócia da Braziliando, participaram do evento algumas das várias pessoas que escrevem com a gente essa história, como alguns de nossos parceiros indígenas e ribeirinhos e nossa parceira da ONG IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas). O IPÊ também contou um pouco sobre a premiação neste artigo.

Posteriormente, ao receber o prêmio, Tê compartilhou como a Braziliando traz mais cor e luz à sua vida e agradeceu aos viajantes e volunturistas, equipe e parceiros, que nos dão a mão e ajudam nessa caminhada.

A ideia é tornar o prêmio uma referência para conscientizar a população a mudar hábitos e atitudes para contribuir com a preservação do planeta. Veja a cerimônia na íntegra abaixo.

Unid@s

O United Earth Amazonia Award reafirmou uma certeza que já compartilhávamos: junt@s podemos transformar realidades e promover um mundo mais sustentável e harmonioso.

Seguimos com a missão de promover ações de impacto positivo para comunidades, seus territórios e para a biodiversidade local, valorizando o que os torna únicos, gerando renda e oportunidades e sendo responsáveis em nossa atuação.

Por outro lado, também procuramos oferecer experiências autênticas e orientar quem nos procura. Acreditamos que, ao final de tudo isso, os dois lados se transformam e para além do período da vivência realizada, mas permanentemente.

Chegou até a Braziliando por esse artigo? Conheça nossas vivências!

Turismo sustentável na Amazônia: vantagens e como ir

O turismo sustentável pode trazer vários benefícios para a população local. Além da preocupação com o meio ambiente, quem viaja buscando a sustentabilidade também contribui para a geração de renda e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Veja abaixo algumas vantagens que separamos e descubra como fazer turismo sustentável na Amazônia!

Trocas autênticas

O turismo sustentável valoriza o cotidiano, a simplicidade e a vizinhança. A cultura local é protagonista e é vivida intimamente, através da troca e da partilha. Respeitando o tempo da comunidade e criando conexões verdadeiras, o viajante participa do dia a dia local.

Almoço com a comunidade (Fotógrafa: Marcivania Melo, indígena Baré)

Na experiência Amazônia Baré, você se hospeda na casa de uma família local e vivencia por alguns dias a rotina na floresta. Você aprende com as tradições e saberes originários, prova a deliciosa culinária Baré e acompanha processos e práticas cotidianas e ancestrais.

Na Conexão Baré, os viajantes virtuais conhecem a cultura Baré através de uma plataforma de videochamada e podem interagir diretamente com os comunitários. A imersão começa dias antes do “embarque”, com diversos materiais que preparam (e, às vezes, introduzem) os participantes sobre aspectos da vida indígena.

Dividir para multiplicar

Artesanato
Artesanato da comunidade Nova Esperança (Fotógrafa: Nathália Segato)

O turismo sustentável também distribui a renda e as oportunidades. Além de beneficiar quem está diretamente envolvido com a atividade, moradores que produzem outros produtos e realizam outras práticas também podem colher os frutos do turismo.

Na vivência presencial, por exemplo, a rede de apoio é bem diversa. Comunitários que cultivam o roçado, que pescam ou que produzem artefatos advindos da floresta, também participam dos ganhos, assim como pessoas de outras comunidades, como os pilotos de lancha e outros produtores. O grupo de artesãos local se beneficia com a chegada de viajantes, através da realização de oficinas e da exposição das peças.

Mantendo a floresta em pé

A preocupação ambiental também é uma característica do turismo sustentável. Sendo assim, o lixo produzido na viagem e a exploração animal, que muitas vezes serve de entretenimento no turismo convencional, são fatores importantes a serem levados em conta.

Quelônios (bichos de casco) sobre a grama
Quelônios do projeto de monitoramento da biodiversidade realizado na comunidade (Fotógrafa: Tereza Taranto)

A Braziliando assumiu um compromisso com a World Animal Protection de proteção ao bem estar animal, não vendendo, oferecendo ou promovendo empreendimentos ou atividades em que os animais silvestres
são disponibilizados para o entretenimento dos turistas.

Além disso, na viagem online há uma redução da emissão de gás carbônico (já que não envolve deslocamento aéreo nem terrestre) e dos resíduos. Já na Amazônia Baré, o viajante recebe um manual com orientações de como ser mais responsável em sua vivência amazônica.

Coletividade

A sustentabilidade é uma preocupação coletiva. Portanto, estabelecer parcerias no turismo é fundamental para ampliarmos e facilitarmos o acesso aos seus benefícios. Por exemplo, nas parcerias com outras instituições e agências, é essencial que elas estejam alinhadas com o propósito da comunidade e comprometidas em ter uma atuação responsável.

Expedição “Amazoniando”, realizada em outubro de 2017.

A Braziliando tem um compromisso em gerar transformações positivas. Por isso, acreditamos que é possível quebrar estereótipos e promover, através do turismo, a mudança que queremos ver no mundo. Saiba mais sobre nossa atuação aqui.

Valorização cultural

Prosa na Casa de Farinha
Processo de produção da farinha de mandioca – Fotógrafa: Nathália Segato

O turismo sustentável evidencia a cultura local e procura contribuir para sua preservação. Logo, a comunidade deve ser protagonista e o turismo um aliado na melhoria da sua qualidade de vida.

Agora você já sabe as vantagens de praticar o turismo de forma sustentável. Embarque nas vivências da Braziliando e gere oportunidades para comunidades indígenas e ribeirinhas, valorize suas culturas e preserve o meio ambiente, através do turismo sustentável na Amazônia.

Conexão Baré: viagem online para Amazônia

Conexão Baré: viagem online para a Amazônia

No ano passado, compartilhamos as medidas que adotamos para garantir a segurança de nossos parceiros indígenas da etnia Baré e de viajantes. Em meio à crise, co-criamos com a comunidade uma viagem online para que as pessoas pudessem conhecer sua cultura e seu cotidiano e pudéssemos continuar apoiando e valorizando os povos da Amazônia. Conheça a Conexão Baré!

Imagem da entrada da comunidade, sob a perspectiva de quem olha de dentro dela, com algumas árvores e o rio. Ao fundo, o pôr do sol reflete nas águas do rio.
Foto: Luísa Ferreira

Motivação

Mesmo com as viagens presenciais suspensas desde março de 2020, mantivemos o contato com os representantes da aldeia, que vinham compartilhando conosco os desafios surgidos (ou acentuados) pela pandemia. 

Além da dificuldade de acesso à alimentação e serviços de saúde, outro forte impacto foi na economia da aldeia. Com a paralisação do turismo e a diminuição da venda dos artesanatos, as famílias estavam tendo dificuldades em complementar suas rendas.

Com muita reflexão e colaboração, buscamos soluções para apoiá-los e mantermos a Braziliando em operação. Como vocês sabem, somos um negócio de impacto social que tem como missão promover transformações positivas através de experiências autênticas e responsáveis.

Dentre as várias ideias e projetos que emergiram de nossas conversas, decidimos priorizar o desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária (TBC) no formato online, para seguirmos apoiando a comunidade através da geração de renda e da valorização cultural. 

Desta forma, co-criamos com a comunidade a Conexão Baré: uma viagem imersiva, interativa e online que conecta os viajantes da Braziliando com o povo Baré da Amazônia. 

Conexão Baré

Imagem mostra um computador ao centro com a imagem de um comunitário indígena entre algumas árvores da aldeia. Ao fundo do computador há uma janela aberta exibindo as folhas das árvores.

Nesta experiência, o viajante virtual tem a possibilidade de visitar diferentes espaços da aldeia e participar de várias atividades do dia a dia local, para imergir na realidade de uma comunidade ribeirinha amazônica. 

Através dela é possível, por exemplo, descobrir sobre o processo de confecção do artesanato, se encantar com as receitas típicas de dar água na boca, conhecer a biblioteca comunitária e aprender a produzir um grafismo indígena.

Pensando em tornar a Conexão Baré mais próxima de uma experiência de viagem, o participante é teletransportado para a realidade local através de materiais de imersão cultural e conteúdos sobre a vida indígena, cuidadosamente preparados pela equipe da Braziliando junto à comunidade. 

Além disso, sendo realizada através de uma conexão ao vivo, existe a possibilidade de interações em tempo real! Os participantes podem fazer perguntas para os diferentes anfitriões que nos acompanham durante a vivência a fim de conhecer mais sobre a comunidade indígena amazônica e esse estilo de vida tão particular.

Colhendo os frutos: um ano de Conexão Baré

Após um ano realizando a vivência, percebemos que essa semente plantada na pandemia vem dando muitos frutos. A viagem online vem gerando impacto positivo tanto para os comunitários quanto para os viajantes e rompendo barreiras.

Inclusão

Procuramos tornar nossa experiência o mais acessível e inclusiva possível. Já contamos, por exemplo, com a participação de cadeirantes e de pessoas com deficiência visual e auditiva, que vêm contribuindo, através de suas sugestões, para que a vivência se torne mais adaptada. 

Além disso, lançamos o Passaporte Inclusivo buscando possibilitar que pessoas que não tenham condição de arcar com o valor sugerido possam vivenciar essa experiência autêntica e transformadora na Amazônia.

Educação

A Conexão Baré possibilita também levarmos às escolas e universidades um formato de ensino mais dinâmico e conectado com a realidade indígena, possibilitando a quebra de estereótipos e troca de conhecimentos. Já promovemos a experiência para instituições de ensino do Brasil e do exterior, como a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, a Universidade de St. Gallen (Suíça) e a Universidade do Colorado (EUA). 

Inclusive, além de participantes de 16 estados brasileiros, tivemos viajantes de Moçambique, Alemanha, Portugal, França e diversos outros países nas experiências abertas ao público. Quando necessário, essas vivências são realizadas no formato bilíngue. Desta forma, a cultura do povo Baré está sendo disseminada por todo o globo.

Valorização

Falando em cultura, a viagem online tem contribuído para o resgate e fortalecimento cultural na comunidade. Também tem atraído cada vez mais comunitários para o turismo, sejam eles mais jovens, de mais idade, homens ou mulheres.

O pajé, por exemplo, tem compartilhado seus saberes ancestrais com os viajantes, a juventude tem se envolvido nas atividades da Uka (biblioteca da comunidade) e do artesanato, já a anciã tem apresentado seus dons culinários se comunicando inclusive no idioma indígena dos Baré, o Nheengatu.

Ao longo deste ano, foram 15 viagens online realizadas, gerando mais de R$10 mil em renda para a comunidade. Tanto o valor sugerido pela vivência, quanto o faturamento mínimo e a forma de distribuição da renda foram definidos em conjunto com a comunidade, de forma que fosse justo para todos os envolvidos. 

Transformação

O comunitário Joarlison Garrido compartilhou:

“Fazendo uma reflexão, mesmo com todos os desafios da pandemia na saúde, na educação e na economia, eu falo que o Baré estava “on”, porque surgiu a Conexão Baré. Hoje, nós trabalhamos essa iniciativa que a cada dia nos traz mais aprendizado e tem impactado na receita da própria comunidade e ajuda as famílias”. 

Ele conta que a vivência gerou mais reconhecimento para o artesanato local e causou um efeito cascata, incentivando o conhecimento dos artesãos e as vendas.

“É importante compartilhar, é possível fazer o turismo de forma virtual no meio da floresta, desenvolver, inovar e de fato concretizar a sustentabilidade para os povos que vivem na floresta.”

Nossos viajantes também compartilharam um pouco de seus sentimentos após participarem da Conexão Baré.

A Conexão Baré tem um nome realmente apropriado, pois foi uma experiência de muita conexão. […] por mais que a visita tenha sido virtual, me permitiu quase sentir o cheiro da comida e o calor do sol que vinha da comunidade.

Letícia Lopes

Uma viagem muito interessante, uma experiência inesquecível. Uma forma de conhecer outros povos, outras culturas. É interessante perceber como num local tão longínquo há tantas coisas que nos unem.

Ana Paula Pimentel

Surpreendente. Usar tecnologia com tamanha criatividade e sensibilidade foi algo encantador. Não podia imaginar o impacto que isso causaria em mim. […] Momento único.

Cristiane Barroncas

Ficou com vontade de conhecer o povo Baré e embarcar na próxima vivência? Então, preencha aqui a ficha de interesse e receba em primeira mão as informações da próxima viagem online assim que tivermos um novo embarque.

Imagem mostrando o rio, com água escura, e ao fundo a comunidade. Além de algumas construções, é possível ver algumas árvores e o céu azul.
Vista da Comunidade Nova Esperança

Conversa com o pajé

Os indígenas Baré na quarentena

Queridos amigos e parceiros da Braziliando, esperamos que vocês e seus entes queridos estejam bem. Muitos de vocês vêm nos perguntando como está a situação dos nossos parceiros indígenas Baré na quarentena e estamos aqui para dar notícias! 

A Suspensão das Viagens da Braziliando

Desde o início dessa pandemia, temos estado em contato com os representantes da aldeia e, mesmo antes do anúncio das novas medidas de contenção do coronavírus no Brasil, preferimos suspender nossas atividades. Na Braziliando, buscamos promover transformações positivas através de experiências de viagem autênticas e responsáveis e não queremos colocar ninguém em risco de contaminação, nem os viajantes nem a comunidade indígena.

Ainda que os Baré sejam um povo forte e corajoso 💪, não é menos verdade que certas doenças, como o Covid-19, podem deixar os indígenas mais vulneráveis, especialmente quando os hospitais mais próximos, os de Manaus, estão distantes e atualmente superlotados. Então, já há algum tempo, pausamos nossa experiência de turismo sustentável na Amazônia, esperando retomar em breve nossas imersões na querida floresta amazônica.

Amanda
Viajante Amanda na comunidade Nova Esperança

Os Desafios da Comunidade na Quarentena

Foi um alívio ouvir do José, o cacique e líder comunitário, que ninguém na comunidade foi afetado pela doença. Felizmente, eles estão tomando muitas precauções e buscando respeitar as medidas de contenção do Covid-19.

Na floresta, onde a vida comunitária é essencial, o confinamento é bastante desafiador. José compartilhou que a vida dos indígenas Baré na quarentena mudou: eles que costumavam viver juntos, brincar juntos, trabalhar juntos, estão tendo dificuldade de manter essa união com o isolamento social.

Embora seja possível sobreviver da caça e da pesca, Joarlison, filho do José e vice-líder da comunidade, compartilhou que alguns alimentos e produtos de higiene básicos, como pasta de dente, sabão, arroz, feijão e leite, estão em falta. 

Além disso, os habitantes temem por sua saúde uma vez que a campanha de vacinação organizada com o auxílio do governo foi suspensa. Eles compartilharam também que os médicos que costumavam comparecer uma vez por mês não estão mais visitando a comunidade e distribuindo medicamentos.

Contudo, um dos maiores desafios para indígenas Baré na quarentena talvez seja a situação econômica. O Turismo de Base Comunitária (TBC) e a venda de artesanatos, que colocaram em prática uma alternativa de atividade sustentável nas aldeias amazônicas, cessaram e as famílias não estão tendo meios de complementarem a renda.

Entrada da comunidade na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga-Conquista.

Vamos Juntos Co-criar o Futuro?!

A Braziliando vem buscando formas de se reinventar nesse período de crise e de continuar apoiando a comunidade, especialmente através da geração de renda e da valorização cultural. Seguimos em constante contato com os comunitários e potenciais parceiros, buscando novas soluções, e estamos com a mente pulsando com novas ideias!

Defendemos uma gestão inclusiva da crise e queremos te convidar a fazer parte da co-construção desse futuro, cheio de possibilidades! Vamos construir juntos um novo presente?! Compartilhe com a gente suas ideias e sugestões para mantermos a Braziliando e Nova Esperança florescendo! 🌸🌺 E com muita colaboração vamos sair mais fortes desse caos!

Esperamos que esses longos momentos de reflexão que nos estão sendo oferecidos com o isolamento social sejam uma oportunidade para formar mais viajantes conscientes. Desta forma, quando essa crise finalmente acabar e pudermos viajar em segurança novamente, poderemos voltar a promover essas imersões transformadoras e o turismo sustentável será novamente um caminho para a construção de um mundo mais justo e unido.

Estamos animadíssimas para receber suas idéias e sugestões para ajudar a Braziliando e nossos parceiros na comunidade indígena de Nova Esperança! Você pode compartilhá-las aqui nos comentários ou nos mandar por e-mail (discover@braziliando.com) ou através do nosso Instagram ou Facebook.

Se cuida! 💚

Com carinho, Braziliando.