Na Semana Indígena Braziliando vamos falar sobre a importância do Dia dos Povos Indígenas e de como podemos ressignificar essa data, trazendo debates, informações e experiências conectados à realidade indígena e que valorizem a diversidade sociocultural dos povos originários. (Re)Descubra o “Dia do Índio” e vem com a Braziliando apoiar comunidades tradicionais.

“Índio”: uma visão de preconceito

“Pessoa de cabelos lisos, pele morena, que mora na floresta e usa penas e pinturas corporais pelo corpo nu. Falante de uma língua estranha e dona de uma cultura exótica. Caçadores, selvagens e incivilizados”.

Esse é o imaginário de muitas pessoas quando falamos sobre os povos indígenas. A imagem do “índio” ainda hoje está presente nas escolas, na mídia e na cultura não-indígena. Nos livros de Geografia, por exemplo, há generalizações e uma ausência da questão indígena atual.

E qual o problema do “índio”? Esse termo surgiu com a chegada dos colonizadores na América e seu primeiro contato com os povos originários, através de um olhar cheio de preconceito e desinformação. Esse termo não deve ser usado para se referir aos povos indígenas e, desde julho do ano passado, há uma lei que altera o nome do “Dia do Índio”. Pra resumir, podemos citar a fala do escritor, professor e ativista indígena, Daniel Munduruku.

“Eu não sou índio e não existem índios no Brasil. Essa palavra não diz o que eu sou, diz o que as pessoas acham que eu sou. Essa palavra não revela minha identidade, revela a imagem que as pessoas têm e que muitas vezes é negativa”.

Daniel Munduruku

Além do uso desse termo, expressões populares, como “programa de índio” ou “índio é preguiçoso”, também reforçam o preconceito contra os povos originários e ajudam a fortalecer esse imaginário reducionista do que realmente são suas culturas.

Confira aqui outras expressões para não usar.

Povos Indígenas

Um país tão extenso quanto o nosso, tão diverso e com diferentes contextos, reflete sua pluralidade em seu povo. Se é difícil definirmos uma identidade brasileira, por que fazemos isso com os povos indígenas?

São mais de 1,4 milhão de indígenas, presentes nas 5 regiões do país e de mais de 300 etnias. São centenas de povos, com culturas, línguas e contextos diferentes, vivendo em aldeias e nas áreas urbanas, em toda parte do nosso território. No sul do país, por exemplo, vivem os Kaingang – um dos cinco povos indígenas mais populosos no Brasil.

De norte a sul, cada povo tem necessidades específicas e acabam encontrando em seu meio formas de resistir. Seja na arte, nos movimentos sociais, nas universidades, na literatura, na música ou na moda. Juntos lutam pela defesa de seus direitos, buscando uma sociedade mais inclusiva, diversa e tolerante.

Aqui no blog já mostramos algumas personalidades indígenas LGBTQIAP+ que estão usando a arte e as redes sociais para transformar a sociedade e manter a cultura ancestral pulsando.

A cultura brasileira é indígena. Nossa alimentação, nosso vocabulário, nossa música, nossa medicina e muitas outras áreas da nossa vida tiveram os saberes dos povos originários como inspiração e referência.

Que tal conferir o documentário “Diálogo entre dois mundos”? A série documental de 7 episódios mostra o encontro entre o historiador e fotógrafo, Cadu de Castro, com o Nhanderuí (líder espiritual), Egino Chaapeí, sobre os hábitos, as relações simbólicas e a religiosidade do povo Guarani.

Valorizando a cultura indígena através da conexão

Uma forma de mudar sua visão sobre os povos originários e descolonizar seu pensamento é buscar mais conhecimento. Amplie suas referências indígenas na literatura, na moda, na música, nas artes plásticas, etc. Procure experiências onde o saber e a cultura indígena sejam valorizados.

A Conexão Baré, por exemplo, visa contribuir com a valorização cultural apoiando o povo Baré na preservação da memória ancestral e fortalecendo o sentimento de orgulho e pertencimento. Na edição especial (Re)Nascimento, vamos ouvir a anciã da comunidade e o pajé compartilharem suas histórias e saberes sobre a gestação, o parto e o puerpério.

Pessoas de muita habilidade, fé e sinergia com a Mãe-Natureza. Fontes de saberes que perpassam gerações e guias da mente, do corpo e da alma. Em conjunto, compartilham um pouco do que já viram e viveram, nos inspirando e ensinando sobre o “nascer Baré”.

Escute os relatos de mães sobre suas experiências na aldeia e na cidade, conheça alguns ritos de proteção e cuidado com bebês, entenda como as plantas da floresta são usadas na promoção da saúde, faça perguntas e descubra um novo olhar para a vida.

A vivência acontecerá em maio, mês das mães. Saiba mais e inscreva-se aqui.

Que tal descolonizar nossa visão de mundo? Vem com a gente!